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Telma_txr

Mix de leituras, organização, tv, filmes, tecnologia e de mim, claro!

Telma_txr

Mix de leituras, organização, tv, filmes, tecnologia e de mim, claro!

06.12.17

A partir do momento em que o teste dá positivo que a mulher, agora grávida, passa a viver numa espiral de emoções, dúvidas e incertezas. Assim aconteceu comigo e, como típica bookwoorm que sou, uma das primeiras coisas que fiz foi ir comprar livros sobre o assunto.

Mais de um ano depois da compra do primeiro livro e quase 9 meses após o nascimento do bebé, aqui ficam as escolhas que fiz para me ajudar nesta aventura.

Note-se que hoje em dia, com a internet, é muito mais fácil pegar no telemóvel e pesquisar uma dúvida e foi isso que eu fiz, muitas e muitas vezes. O problema é que nem sempre encontramos a informação mais fidedigna ou devidamente organizada, como num bom livro.

Acrescento também para dizer que todos estes livros foram comprados com o meu dinheiro, que estas opiniões não são fruto de nenhuma colaboração com as respectivas editoras ou autores e que por isso toda a publicidade que receberem é inteiramente oferecida por mim.


O grande livro da grávida, de Marcela Forjaz

Porque o comprei: Foi o primeiro livro que comprei sobre o tema, após o meu teste positivo. Ao folheá-lo na livraria percebi que estava organizado por linha de tempo, ou seja, desde o momento em que se pensa em engravidar até ao pós-parto e percebi que assim seria muito mais fácil para mim ir lendo-o a pouco e pouco evitando assim um excesso de informação sobre todas as transformações que iria viver na gravidez.


O que encontrei: São 382 paginas de informação clara e concreta sobre toda a vertente física da gravidez: as transformações do corpo, os exames, o desenvolvimento do feto, os diferentes tipos de parto, etc. “Devo pintar as unhas e o cabelo estando grávida? Devo optar por um parto normal ou cesariana? O que devo esperar da ecografia morfológica?” são algumas das questões apresentadas na contra-capa e cujas respostas estão no seu interior. Também tem inúmeras imagens e ilustrações que ajudam a visualizar os temas abordados.


Recomendo-o? Sem dúvida. É escrito por uma ginecologista e obstetra e por isso a informação nele contida é principalmente informação científica que poderá responder a dúvidas que o médico não respondeu ou que parecem triviais.O que menos gostei: Apesar de ser um livro bastante claro e concreto a nível científico sobre o tema da maternidade senti que lhe faltava também a parte afectiva, a das emoções. Isso não torna o livro imperfeito ou incompleto mas foi a razão que me levou à compra do livro seguinte.


O livro de magia das mães, de Constança Cordeiro Ferreira

 

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Porque o comprei: Como disse no parágrafo anterior, a um determinado momento senti falta de ler algo mais além do que uma descrição das alterações a que o meu corpo estava a ser submetido todos os dias ou os exames que ia fazer. Precisava de algo que me dissesse: “Vais ser mãe e é isto que vais sentir!” Parece estranho mas, durante uma grande parte da gravidez senti que era algo que estava a acontecer apenas a MIM e não a mim e a um outro ser, aquele que crescia dentro de mim. Era como se ele fosse apenas um bebé imaginado e, como tal, não estava a conseguir sentir-me maternal e histericamente feliz por ir ter um filho. Quando o folheei na livraria percebi, pelo índice, que ia abordar muitas das dúvidas que eu tinha para o pós-parto: amamentação, dormir, mimo e gerir a família mas foi um dos pontos ““Quando nasce um bebé, também nasce uma mãe”, ou porque é que isto nem sempre é automático.” que me fez comprar o livro.


O que encontrei: Ela aborda esta questão da maternidade de uma forma muito autêntica mas reconfortante, passando a ideia que, seja quais forem as dificuldades que vamos encontrar, nós vamos conseguir. Ajudou-me imenso a largar o medo do que aí vinha e a viver a gravidez com mais felicidade. Em muitos aspectos senti-me mais pronta para ser mãe depois de ler este livro.


Recomendo-o? Eu chamo-lhe o livro que me deu a conhecer a Constança Cordeiro Ferreira. Nunca a conheci pessoalmente mas passou a ser uma das minhas escritoras favoritas, apesar de escrever apenas sobre bebés. E foi por isso que comprei o outro livro dela.

 

Os bebés também querem dormir , de Constança Cordeiro Ferreira

 

Porque o comprei: Porque tinha acabado o outro livro dela e queria mais. O que eu percebi quando já estava a ler “O livro de magia das mães” é que “Os bebés também querem dormir” tinha sido o primeiro livro e, de alguma forma achei que podia me estar a escapar alguma coisa e por isso precisava mesmo de o ler.


O que encontrei: Bem... mais do mesmo. Na verdade ambos os livros não são muito diferentes. Apesar deste abordar mais a questão do sono a verdade é que ambos focam muito a amamentação e as dificuldades que encontramos para amamentar.


Recomendo-o? Sim mas como o acho muito parecido com o outro livro e ambos focam bastante a questão da amamentação, penso que este não é o livro ideal para quem anda a desesperar com as noites difíceis que o bebé dá.

 

O grande livro do bebé, de Mário Cordeiro

o grande livro do bebé de mário cordeiro

 Porque o comprei: Por recomendação de alguém num grupo no Facebook como um bom apoio além do pediatra para tirar dúvidas. O Dr. Mário Cordeiro é um pediatra muito conhecido e é o pai da Constança Cordeiro Ferreira!


O que encontrei: Provavelmente o livro que li e consultei mais vezes nestes 8 meses e meio de vida. Tem imensa informação sobre o desenvolvimento do bébé, sobre as doenças de que pode padecer, sobre o peso e a amamentação, assim como a alimentação com leite artificial. Dúvidas como por exemplo: “Devo levá-lo à praia?”, introdução da alimentação complementar, o que é a crosta láctea, a partir de que temperatura é febre, etc... É mesmo um livro completo de que apenas lamento não estar todo ele organizado por etapas (semanas e meses de vida) tal como “O grande livro da grávida”. Teria sido mais fácil de consultar se assim estivesse.


Recomendo-o? Sim, sem dúvida. Creio que não deve haver no mercado outro tão bom como este. Foi um pouco caro mas merece o preço que custou.

05.02.16

A internet parece estar cheia de dicas para tudo e mais alguma coisa: como passar do sofá a correr a maratona, como se tornar um chef lá em casa, como deixar os maus vícios e ter uma vida melhor , etc. Ironicamente nunca encontrei um artigo que incentive alguém que não lê a começar a fazê-lo. Talvez porque a comunidade de leitores é tão vasta e está constantemente a estimular-se mutuamente para ler mais e mais que nos esquecemos daqueles nossos amigos que confessam: "Ah, como eu gostava de ler mais mas..." ou "Eu já li um livro, uma vez, há muitos anos atrás." Talvez porque se olha para o acto de leitura como um passatempo, um desejo ou opção, e não como se olha o exercício físico. E é como o exercício físico, na verdade. Exige esforço, tempo e dedicação com inúmeras e maravilhosas recompensas: mais cultura geral, mais empatia com o próximo, redução de stress, aumento de vocabulário, etc, etc, etc... Mais do que isso: qualquer um pode fazê-lo. A seu tempo e a seu ritmo. A alternativa é ser como o Kanye West.

Sou um orgulhoso não leitor de livros - Kanye West

Portanto este texto vai para todos aqueles que querem começar a ler pelo menos um livro por ano e para todos os leitores que queiram ajudar o vosso amigo a começar a fazê-lo.

 

Não te deixes intimar

 Tal como já disse, a internet está inundada de nerds de livros: se sai um filme, eles já leram o livro, se alguém diz uma frase genial eles dizem logo de que livro isso foi tirado. Tu revelas que leste um livro o ano passado e eles respondem que leram 52 livros, pelo menos um por semana. E Deus nos livre quando começam a dissecar o simbolismo daquele momento do filme que tão bem estava ilustrado no livro e que o realizador captou tão mal! A verdade é que lá no fundo também queres partilhar um pouco desse mundo mas não sabes bem por onde começar pois são tantas opções (de livros, grupos de leitura, géneros) que o melhor é ficar quieto. Não, quieto nunca. O melhor é começar devagar.

Não te compares com quem lê 52 livros (ou mais) por ano. Não te envergonhes se alguém desdenhar da tua leitura e até estás a gostar (todos os amantes da leitura passam por isso). Há livros para todos os gostos, da ficção à não-ficção e tu vais encontrar o teu. Se achas que é aborrecido estar parado a ler, compra um audiobook e ouve-o enquanto passeias os cães ou vais dar uma volta ou corrida. Ignora os book snobs que tentam mostrar o quanto são bons cuspindo uma data de informação que a ti (e a 99% da população) nada diz ou interessa. O que interessa é a relação que estabeleces com o livro e isso apenas.

 

Ler não é um teste

Há quem associe os livros aos tempos de escola e daquela fase horrível de TER DE LER UM LIVRO para os exames. Assim nunca se conseguiu dissassociar o acto de ler ao acto de ser avaliado. Ler por prazer não é uma avaliação. Na verdade, mesmo quando perguntam o que achaste, a resposta esperada é normalmente: "Gostei, foi fixe!". Ninguém quer ouvir uma dissertação sobre o mesmo. A escola acabou e o importante é descobrir outros mundos e viver outras vidas através da leitura. Sem análises ou julgamentos.

 

Há leituras grátis

O primeiro passo é adquirir um livro. É possível que o teu amigo leitor te diga: "Não, o primeiro passo é escolher o que queres ler." mas isso é um erro, na minha opinião. Uma pessoa pode perder o desejo nas opções infinitas da leitura. Ninguém começa a fazer exercício físico sem aquecimento e é assim que vamos olhar para este primeiro passo: como um aquecimento.

Para não haver receio de desperdício de dinheiro o primeiro passo é adquirir esse primeiro livro de forma gratuita. Como? Fácil: pede ao teu amigo se te empresta um livro ou vai à biblioteca da tua localidade. Assim, se desistires ao fim de 10 páginas podes sempre trocar por outro sem culpa de teres gasto dinheiro. Com sorte algum familiar te ofereceu um livro pelo Natal e tu simplesmente nunca lhe pegaste. Aqui tens a tua oportunidade e a custo zero! E com sorte podes fazer um resumo do que gostaste ao familiar que to ofereceu.

 

Uma viagem de mil léguas começou com o primeiro passo. - Lao Tsé

Ok, livro adquirido e agora? Assim que puderes lê o primeiro parágrafo ou página. Talvez ainda estejas na biblioteca, na casa do teu amigo ou na ceia de Natal e poderá parecer impróprio. Que se lixe! Basta olhar em volta e ver a quantidade de pessoas que lê em transportes públicos, filas de finanças e salas de espera do hospital. O importante é estabelecer a ligação imediata com o livro, começar a caminhada. O resto acontece depois. Quando é que vais ler? Bem, mais importante do quando é decidir o quanto é que vais ler sempre que pegares no livro. Esta é daquelas regras que funciona muito bem comigo principalmente quando não estou a gostar do livro. Imponho-me um mínimo de 20 páginas por sessão de leitura. Nem sempre os cumpro mas tenho sempre esse número presente quando recomeço a ler. Por isso começa devagar: uma página por sessão, uma sessão por dia. Consegues mais? Boa! Mas mantém os mínimos. Uma página por dia são 365 páginas por ano e há muitos livros com esse número de páginas, ou menos!

 

Arranja um amigo de leitura

Apesar de ler ser um acto solitário a verdade é que muitos leitores procuram estar juntos (fisica ou virtualmente) para se encorajarem a ler mais ou apenas manter o ritmo de leitura. Esse parceiro pode ser real ou virtual. Pessoalmente acho que o real faz mais sentido porque promove o teu desejo com o seu bom exemplo. Se ele está sempre a ler, também queres lhe fazer companhia, se ele te pergunta como está a correr, tu queres ter uma resposta para dar. Até quando não estão a ler só o facto de mencionar o livro x quando vêm um trailer de um filme ou te contar como é o enredo do que está a ler te vai dar vontade de fazeres parte desse mundo. A verdade é que por vezes adoptamos os hábitos dos outros (os bons e maus) quase de uma forma inconsciente. Se tens alguém na tua vida que te mostra como se faz, faz com ele!

Outras actividades que podem ajudar a motivar caso não tenhas esse amigo: participar em tertúlias promovidas em livrarias, em encontros de leitores na tua cidade ou mesmo assistir a um lançamento de um livro! Ver tantos leitores reunidos num só lugar pode ser intimidante, como entrar num ginásio pela primeira vez, mas nada como ser sincero e dizer que se está apenas a começar. Logo surgirão pessoas dispostas a ajudar a manteres-te activo!

 

Quando ler?

Não tenho tempo é a desculpa mais comum para não começar um hábito novo. Normal. Por isso o ideal é combinar com outras actividades: Vais correr? Leva um audiobook. Vais esperar numa fila? Leva um livro e lê enquanto esperas. A natureza chama? Deixa o livro por lá e pega nele enquanto estás sentado no trono. Ler antes de dormir? Bem… eu não sou grande fã mas parece que muita gente gosta, por isso, porque não? Eu leio no comboio, por exemplo. Mas também durmo e converso com amigos. Ler não me rouba tempo doutras coisas, apenas transforma aquele tempo inútil em algo mais útil. Troca meia hora a scrollar no facebook, por uma hora de leitura. Se não dá para ler em casa, vai para o café, jardim ou mesmo a biblioteca. Lavaste o chão e agora não o podes pisar até secar? Leva um livro contigo e enquanto o chão seca e as costas descansam, lê.

 

Momentos em que vais desistir

 Há alturas em que o nosso cérebro arranja todo o tipo de desculpas para não ler ou desistir da leitura. Isso é normal. Podes ler 20 livros por ano e isso continuar a acontecer. Se é isso que queres então desiste do livro mas continua a ler. O importante é não associar o livro ao acto. Por exemplo, podes gostar de praticar zumba e detestas correr. Continuas a fazer desporto na modalidade que gostas, certo? Com os livros é igual.

Outro momento em que pode ser normal desistir é quando se acaba o primeiro livro e não se consegue começar outro. Ou porque voltamos a sentir-nos perdidos nas inúmeras opções ou porque não se instaurou o hábito de ler. Nada suscita interesse, talvez ler não seja para ti. Treta! Isso acontece a toda a gente. A diferença entre um leitor e um não leitor é que esta fase da escolha do livro seguinte é vista como um desafio, não como um receio, ou como uma desculpa para desistir. Um leitor não concebe a ideia de parar. Se queres ser um leitor parar não é opção. Olha para o próximo livro como um desafio, não como uma tarefa ou obrigação. Tal como no cinema, por vezes as expectativas saem furadas, por vezes somos surpreendidos. É normal escolher um livro mau e é tão bom quando se encontra um livro bom.

Se nada disto resultar, há ainda outra opção: ler para outros. Podes sempre te juntar a um grupo de voluntários da leitura e ajudar crianças com problemas de literacia ou adultos com problemas de visão a usufruir de uma boa história. Não só estarás a contribuir para outros como para ti próprio, porque te forças a ler com a desculpa que o fazes como boa acção. Parece perverso mas é eficaz.

 

Seja qual for o ponto em que te encontras o importante é não desistir: uma palavra, uma frase, um parágrafo, uma página, um livro de cada vez. Um livro e depois muitos livros e a pouco e pouco perceberás a diferença de como eras antes e agora que lês. Ler não é uma actividade essencial à vida mas torna a vida muito melhor. Desejo-te uma boa caminhada.

 

12.10.15

Chegamos a Outubro e ao início do meu transtorno afectivo sazonal. O Outono e o Inverno são as estações em que mais me custa sair da cama, em que fico em ansiedade só porque está a chover (e por consequência pode acabar a luz ou o meu carro ficar preso numa inundação), e que o horror do Natal se aproxima quando não quero ter de ver ou estar com ninguém.

Dito isto, estou a tentar lutar contra este meu mau humor que se instala anualmente tentando ver o que de bom cada época traz e celebrar, como a Ana dos Cabelos Ruivos, a mudança das estações e a magia de ver a natureza transformar-se de forma tão bela. Como ela diz: "Estou tão feliz por viver num mundo onde há Outubros." e "É da minha experiência que se pode tirar prazer de quase tudo se se acreditar firmemente de que é possível."

Anne dos Cabelos Ruivos, por L.M.Montgomery

29.10.14

Grandes autores

 

O Sentido do Fim, de Julian Barnes // 3 estrelas

Tinha grandes expectativas para um livro que comprei apenas pela capa e pelo título.

Talvez, o ter sido vencedor do Man Booker Prize em 2011, fosse a razão pela qual eu me tinha convencido que este seria um livro pequeno mas deslumbrante. Pequeno sim mas longe de deslumbrante.

O fim dá sentido às reacções de outras personagens e aos acontecimentos mas, a revelação no final fica tão aquém do surpreendente que pergunto-me o porquê de ter sido o vencedor de um prémio tão prestigiado.

 

O Amor nos Tempos de Cólera, de Gabriel García Márquez // 3 estrelas

Talvez a minha grande desilusão do ano.

Sendo o Cem anos de solidão o meu livro favorito e, querendo marcar a morte deste grande autor com a leitura de um dos seus livros, este O Amor nos Tempos de Cólera revelou-se uma leitura sofrível, que se arrastou por vários meses, por vezes deixando-me a pensar porque é que continuava a lê-lo.

Não gostar do protagonista é, para mim, meio caminho andado para desistir do mesmo e, Florentino Ariza é, provavelmente, um dos mais errados e desinteressantes heróis românticos que já li. Talvez na cabeça de Márquez, a ideia de um indivíduo feio e mulherengo com alma de poeta e perfil de stalker fosse glamorosa o suficiente para daí escrever um livro em que o amor vence, mesmo quando a mulher passa mais de 50 anos a dizer que não. Na minha cabeça não é não, não é amor.

Além disso, a característica que mais gosto da sua escrita, o realismo mágico, pouco ou nada surgiu. Ficam como pontos positivos a sua escrita maravilhosa e um retrato interessante das caraíbas do virar do século XX.

 

Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, de George Orwell // 4 estrelas

"Big Brother is watching you" é a expressão que me vem à cabeça sempre que vejo câmaras de vigilância ou sempre que surge um novo debate sobre a perda de privacidade nos dias que correm.

Publicado em 1949, Mil Novecentos e Noventa e Quatro é o livro que dá origem a esta expressão e já estava há muito na minha lista "para ler". É considerado como um dos grandes livros do Séc. XX e ainda hoje (talvez mais do que nunca) actual e é daqueles livros que, por isso mesmo, me intimidam como leitora.

Gostei muito do livro, do conjunto de ideias apresentado (políticas, sociais), gostei de todo o conceito distópico e foi sem dúvida um livro que me deu muito para pensar. No entanto todo o ambiente sufocante e soturno, a prosa monótona e o meu pouco interesse no destino final das personagens, fez com que este livro acabasse por não ser um favorito meu.

 

A casa das sete mulheres, de Lecticia Wierzchowski  // 4 estrelas

Uma das leituras preferidas dos últimos tempos.

Foi-me altamente recomendado por várias pessoas, entre elas a Cat_Sadiablo que foi uma querida por me ter emprestado a sua muito valiosa e muito rara cópia do livro.

Conhecia (e amava) a história e as personagens pela série de TV que afinal, foi criada a partir deste livro. No entanto, enquanto que na série de tv foquei mais a minha atenção nos amores e sofrimentos de cada uma das sete mulheres da casa, no livro também pude usufruir de um pouco de História, nomeadamente o que foi a Revolução Farropilha, que levou à desanexação do estado do Rio Grande do Sul do resto do império do Brasil. Afinal o romance entre Manuela (a minha personagem favorita da série e a narradora de partes desta história) e Garibaldi existiu mesmo e esta ainda é hoje conhecida na zona onde viveu como a "Noiva de Garibaldi".

Além do excelente desenvolvimento da parte histórica que o livro apresenta, outro facto que o torna extraordinário é a linguagem. A mistura de termos portugueses com castelhanos poderia ter dificultado a leitura do mesmo. No entanto, Lecticia Wierzchowski é exímia na forma como o faz, nunca sendo uma leitura de difícil compreensão e ajudando até a entrar no universo que este livro retrata.

Outro ponto a favor é o retrato e o foco nas personagens femininas durante uma época tão turbolenta como é a de um cenário de guerra.

É um livro que recomendo (apesar de ser impossível de encontrar em Portugal) principalmente para quem gosta de ficção histórica e pretende ler algo não anglo-saxónico.

28.10.14

Dreamfever

Autor // Karen Marie Moning

Série // Fever (#4 de 5)

Editora // Dell Publishing

Estante // Fantasia Urbana

Período de leitura // de 25 de Novembro a 3 de Dezembro de 2013

Formato // Ebook

Língua // Inglês

Classificação // 5 estrelas

 

Opinião // Gosto muito de livros narrados na primeira pessoa e, talvez por isso, tenha ficado fã desta série desde o primeiro livro. A narrativa contada por Mac, vai a cada livro, assumindo contornos mais dark, a voz dela vai mudando, amadurece e nós com ela.

Apesar do que outros fãs me diziam, Dreamfever conseguiu manter e elevar o meu gosto por esta saga. A cena final do livro anterior foi um ponto de viragem, sem dúvida, o qual não me desmotivou de todo em continuar. Dreamfever é o mais rebuscado dos 4 livros que li até ao momento mas não me demoveu de continuar (e terminar) a sua leitura. No último terço do livro dei por mim o tempo todo a pensar: "Mas que raio estou eu a ler?" E depois termina noutro cliffhanger. Yupii, not!

Porque gosto tanto destes livros? É difícil explicar. Um misto de heroísmo com o desejo terrível em descobrir o que vai acontecer a seguir. É ver alguém cair vezes sem conta e voltar a erguer-se cada vez mais fortes. É serem tão básicos na escrita e, simultaneamente, tão envolventes. É o serem tão criativos e surpreendentes. É conseguirem apagar o mundo que me rodeia. Dreamfever conseguiu isso e por isso encheu as minhas medidas de leitora.

  

Nomes dos personagens // McKayla Lane, Jericho Barrons, V'Lane, Dany O’Malley

Nomes dos lugares // Dublin

Conteúdo sexual // É descrita uma cena de violação mas de forma pouco explícita. As cenas de sexo são igualmente intensas mas pouco explícitas.

Violência física // Sim

Violência psicológica // Sim

Pontos positivos // Gosto de tudo nesta série, tudo.

Pontos negativos // Talvez a parte final do livro que ficou um pouco confusa.

Fez-me reflectir sobre // Labirintos e más decisões.

07.07.14

Autor // Ken Liu
Estante // Conto (pode ser lido gratuitamente aqui)
Período de leitura // 6 de Julho de 2014
Formato // E-book
Língua // Inglês
Classificação // 5 estrelas: Adorei-o! É muito bom.

 

Opinião // Isto de mudar de casa obriga-nos a mudar de hábitos. Enquanto que antes chegava à cama e "apagava", agora dou por mim a dar voltas e voltas, ouvindo todos os barulhos estranhos, até adormecer. Vai daí, farta de não ter sono, decidi esticar o braço e ler algo "leve e rápido" e escolhi, entre as várias possibilidades no meu Kindle, o conto "The Bookmaking Habits of Select Species" por Ken Liu. Eu penso que tinha escolhido ler este conto por ter sido um dos finalistas do Prémio Nébula, em 2012.

O conto surpreendeu-me imediatamente por não contar uma história mas sim as diferentes formas como várias espécies no Universo lêem livros e, o que entendem por conceito de livro. Achei tão original! Foi quase como estar a assistir a um episódio do "Cosmos" mas sobre livros e hábitos de leitura. Aliens e livros!

Gostei imenso e pergunto-me porque não leio eu contos mais frequentemente. Deveria.

17.04.14

Autor // Alex Scarrow
Série // TimeRiders (#2 de 9)
Editora // Civilização Editora
Estante // Viagem no Tempo
Período de leitura // de 2 a 11 de Outubro de 2013
Formato // Papel
Língua // Portuguesa
Classificação // 4 estrelas: Gostei muito.

 

Opinião // Após ter ficado maravilhada com o primeiro livro desta série, comecei o segundo com algumas reticências, nomeadamente quanto ao "tempo" que iria ser visitado. É que eu detesto dinossauros. Detesto. E a sinopse dizia-me que que era para lá que Liam ia viajar desta vez. Mesmo assim o primeiro livro tinha sido cativante o suficiente para desejar continuar a ler as aventuras de Liam, Maddy, Sal e a sua Unidade de Apoio.

Alex Scarrow estratificou o enredo de forma a ser algo mais do que "miúdos a fugir de dinossauros", alternando o sofrimento de Liam e Becks (a Unidade de Apoio é menina desta vez), com o de Maddy e Sal. Mas, melhor que tudo, foi termos um ponto de vista do vilão, o dinossauro-chefe.
Acabou por ser uma aventura bestial, com muitos momentos de acção mas também um livro mais maduro, tanto em termos de escrita como de desenvolvimento de personagens. Liam começa a sentir as primeiras pontadas da adolescência mas, simultaneamente os efeitos que as viagens no tempo têm nele. Maddy sente-se culpada pelo que aconteceu a Liam e sente o peso da responsabilidade.
O livro tem um cliffhanger magnífico mas do qual eu já desconfiava. No entanto vai ser interessante perceber como é que vai ser explicado.
Acho que Alex Scarrow consegue a mistura perfeita entre história e aventura e só lamento que a Civilização Editora tenha parado com a publicação desta série. Continuarei a ler as aventuras destes miúdos, a partir de agora, em inglês.

 

Obrigada Slayra por esta prenda de aniversário, gostei muito.

 

Nomes dos personagens // Liam, Maddy, Sal, Foster, Becks, Edward Chan
Nomes dos lugares // Nova Iorque 2001, Texas (futuro), Texas (Cretáceo).
Violência física // Sim, alguma mas pouca.
Violência psicológica // Não.
Mensagem // Amizade, união, confiança.
Pontos positivos //  A aventura, a explicação história, os personagens.
Pontos negativos //  Nenhum, foi uma excelente leitura.
Fez-me reflectir sobre // Que por vezes, tudo o que temos é a nossa inteligência e a confiança noutrém.

16.02.14

 

Todos sabemos que o ser humano é multifacetado e que não deve ser rotulado apenas por uma das suas características. Nunca tinha pensado nisso em relação à forma como uma história é contada até ter recebido em casa o livro e CD "Nada Tenho de Meu" de Miguel Gonçalves Mendes, Tatiana Salem Levy e João Paulo Cuenca.
Primeiro peguei no livro e, apesar de ser uma novela gráfica, demorei 4 dias a lê-lo. Custei a compreender a mensagem, talvez pela sua narrativa fragmentada, talvez porque não me fosse claro quem era o narrador ou simplesmente pela sua natureza gráfica.
Foi então que, ao ver os episódios desta série e que tudo se encaixou. Sob a direcção Miguel Gonçalves Mendes, as palavras de João Paulo e Tatiana ganham forma, cores, sentimentos. O livro é uma imagem da mini-série. Não bem igual mas quase. Uma ficção sobre a ficção.
"Nada tenho de meu" parece ser um diário de viagem em que os personagens viajam, não só ao extremo oriente mas dentro de si mesmos e nós com eles. Fez-me, por exemplo, viajar dentro de mim mesma e deu-me vontade de rever "O Amante" de Jean-Jacques Annaud e a obra homónima e autobriográfica que lhe deu origem, de Marguerite Duras.
Estes personagens, que se reúnem para um evento específico em Macau, partem em viagem e é a partir daí que surge a desconstrução: a narrativa fragmentada faz o leitor/espectador sentir-se ao princípio um pouco perdido (tal como os personagens) para depois poder apreciar apenas os conceitos: medo, solidão, amor, vazio, desilusão, humanidade.
Apesar de não ter apreciado o livro isoladamente, este, em conjunto com a mini-série, acaba por se tornar muito mais interessante. Duas facetas que se complementam e que formam uma história só, um registo documental ficcionado a três mãos, que une duas culturas díspares, a Ocidental e Oriental, que se encontram para mostrar que humanos somos todos nós. Um só.
Fiquei muito impressionada com a direcção do Miguel Gonçalves Mendes. A fotografia, a edição, o som... tudo é apresentado de uma forma tão bela e sensível (e ao mesmo tempo esmagadora) que me provoca um amargo de boca de arrependimento por não ter visto o "José e Pilar" (até agora, vou tratar disso!). Deu-me também a conhecer dois escritores: a Tatiana Salem Levy, com cujas ideias me identifiquei bastante e João Paulo Cuenca, o mais niilista dos três e de quem quero ler mais coisas num futuro próximo.
Podem ver os episódios que já passaram na RTP2 (sextas-feiras à noite) publicados online no Sapo Vídeos. Cada um tem a duração de 10 minutos. Ou comprarem o livro com o DVD e assim obterem a experiência completa.

31.01.14

The Handmaid's Tale / A história de uma serva

Estive a ver um hangout sobre este livro e, grande parte do tempo em que ouvia uma das intervenientes a falar do livro, pensava: "Não, leste tudo ao contrário! Como é que é possível alguma mulher não gostar deste livro? Ultrapassado?! Nem pensar!" E de tanto pensar isto lembrei-me que ainda não tinha escrito sobre o mesmo. Acho que, por ter feito um SLNB sobre o livro, onde falei tanto sobre ele, me meteu de ressaca até agora. Contudo, ouvir alguém expressar uma opinião tão diferente da minha fez o meu sangue ferver e por isso aqui fica a minha opinião.
A Margaret Atwood revelou ser uma escritora excepcional, apresentando no "A História de uma Serva" a possibilidade arrepiante de, o mundo como o conhecemos mudar radicalmente amanhã, ser substituído por uma sociedade teocrática e despir as suas mulheres das suas identidades e direitos.
Offred é a personagem que nos guia através dos eventos. Vivemos toda a história presente e passada através dela. Ela é uma serva: como mulher fértil mas com um passado considerado "imoral", foi entregue a uma família com a finalidade de procriar e fornecer-lhes uma criança. Como é uma sociedade afectada por problemas ambientais, as crianças são o seu bem mais precioso, pois são poucas as que nascem sem problemas ou sobrevivem à gestação.
Este não é um livro para entreter ou ser agradável. Não nos dá uma conclusão moral no fim, não é essa a sua finalidade. Este é um livro para nos fazer pensar: Quem somos como sociedade, o papel do homem, da mulher, da família. O poder da religião nas nossas vidas. A falta de união entre as mulheres. Quem é realmente o sexo fraco?
Agora, enquanto ouvia a opinião de alguém que não gostou do livro dizer "Oh, isto seria impossível de acontecer nos dias de hoje" percebi o papel das "Tias" neste livro. Haverá sempre alguém que vai experienciar a realidade de outra forma, e agir de outra forma. Os nossos valores moldam-nos e temos tendência a lutar por aquilo que acreditamos. Se acreditarmos na ilusão que vivemos numa sociedade livre e segura, negamos a possibilidade de vir a perder a nossa liberdade e segurança. E não lutaremos por eles quando for necessário. Não devemos viver com medo mas é nosso dever vivermos alertas para o que nos rodeia. Este é um livro escrito em 1985 mas que ainda hoje é um verdadeiro alerta: há fragilidade nas nossas instituições, há desunião no nosso sexo (feminino), há imoralidade e há fanatismo religioso. Há a possibilidade de sermos Offreds. Basta olhar para o mundo como ele é hoje e rapidamente percebemos que o mundo está cheio delas.

 

Nomes dos personagens: Offred, Martha, Wife, Serena Joy, Ofglen, Nick, The Commander
Nomes dos lugares: Republic of Gilead
Conteúdo sexual: Pouco descritivo, incómodo.
Violência física: Alguma.
Violência psicológica: Sim, bastante.
Mensagem: Política, religiosa, social.
Pontos positivos: A voz de Offred e as suas reflexões.
Pontos negativos: Não gostei da cena de castigo em praça pública.
Fez-me reflectir sobre: Os direitos da mulher e o quanto isso afecta toda a sociedade.

Autor: Margaret Atwood
Editora: Random House
Estante: Distopia
Leitura temática: Leitura Conjunta para o SLNB
Período de leitura: de 16 de Setembro a 1 de Outubro de 2013
Formato: Ebook
Língua: Inglês
Classificação: 5 estrelas - Adorei-o! É muito bom.

 

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