18.09.11
Lido para o Verão Temático
Resumo: É o ano de 1945 e Claire está a viver uma segunda lua-de-mel com o marido na Escócia, após os anos difíceis da 2ª Guerra Mundial. Durante uma exploração num monumento antigo, Claire é acidentalmente transportada no tempo para o passado, quase 200 anos antes. Confusa e sem saber o que lhe aconteceu, Claire vê-se envolvida numa série de peripécias até que descobre o que realmente lhe aconteceu: viajou no tempo, está presa no passado e não sabe como regressar sem colocar a sua vida em perigo. No entanto, os seus conhecimentos de medicina, que demonstra ao ajudar Jamie, um dos feridos no grupo que a resgatou, permitem-lhe algum respeito e uma actividade no Castelo Leoch. É já no castelo que Claire inicia a sua inserção naquela sociedade do Sec. XVIII fazendo amizade junto de Jamie e alguns outros elementos que tinha conhecido. No entanto, esse tempo rapidamente termina: Claire é convidada a acompanhar o grupo que vai acompanhar Dougal McKenzie na recolha das rendas para ver se conseguem descobrir a família de Claire mas Jack Randall, antepassado do seu marido, acaba por desconfiar que ela é espia dos escoceses. Só há uma solução para salvar Claire: casar com Jamie. O que ela não esperava era apaixonar-se pelo belo escocês fora-da-lei e seguir com ele o seu próprio destino, questionando mesmo se deseja ou não regressar ao seu tempo e à vida que deixou para trás.
Expectativa: Ena que livro grande!! O seu tamanho impôs respeito suficiente para que eu o mantivesse na prateleira durante mais de um ano e meio sem coragem para lhe pegar. Receei, além de um possível ombro deslocado, que fosse maçudo ou que demorasse muito a ler.
Opinião: Apesar de o ter inserido no meu Verão Temático, este não é um livro de ficção científica. Aliás, também tem elementos de bruxaria e não o considero um romance paranormal. Outlander é sem dúvida um romance histórico, que retrata uma época e lugar específicos, um verdadeiro livro de aventuras, com momentos muito divertidos, outros românticos, outros violentos mas raramente chato. Acaba por justificar o seu tamanho porque tudo se desenvolve com naturalidade, tudo é contado com tempo e espaço. Senti que, como leitora, tive tempo de conhecer os personagens e observar a sua progressão.
Claire é a heroína desta história e ela é muito cómica, com as suas atitudes de mulher do séc.. XX numa época em que as mulheres não levantavam a voz contra os homens. Ela não é a eterna dama em apuros do típico romance histórico: ela salva o Jamie tantas vezes quantas ele a salva. Quando viaja no tempo e é forçada a casar com o Jamie, Claire sofre o dilema de ter 2 maridos, dilema esse que só é “resolvido” no final do livro, apesar de o seu coração ter-se rendido há muito ao Jamie, o escocês.
E, confesso, não é só o coração de Claire que se rende ao Jamie. Eu dei por mim a enamorar-me por ele à mesma velocidade de Claire. Enquanto lia o livro e confessava o quanto estava encantada com o seu personagem houve quem me confessasse que tinha dado o nome ao gato de Jamie em sua honra e enquanto escrevia esta opinião disseram-me “Mas é fácil, basta dizeres “tem Jamie, ponto final”. Isto é apenas uma pequena amostra do quanto o Jamie é um dos melhores heróis românticos que já li até hoje. O que surpreende é que ele não é o herói típico, com frases conquistadoras, ou o típico “tu és minha”. Bem, pelo menos, não ao início. Ele conquista-nos pela sua sinceridade, pela sua vulnerabilidade e também porque é divertido e leva porrada como se não houvesse amanhã. A sério, acho que não estava pronta para que o desgraçado virasse o saco de porrada que foi.
Apesar de sedutor, o amor de Claire por Jamie não nasce do nada, não há aquela atracção fatal assim que olham um para o outro. Primeiro conhecem-se, ficam amigos, apaixonam-se e só mesmo no fim é que vem o amor.
Vilões há vários, uns mais óbvios que outros, mas o mais interessante é o Jack Randall, antepassado do marido de Claire, que vem a ser o vilão mais terrível deles todos. É que Jack Randall é a cara do seu marido do século XX e, se haveria alguém que pudesse matar o pouco amor que ela ainda tinha por Frank, ele conseguiu fazê-lo.
Como nota final queria dizer que, quando comprei o livro não sabia que pertencia a uma saga, descobri isso pouco depois. O segundo volume tem 1000 páginas e passa-se 20 anos depois deste livro. Estando um pouco farta de Sagas e principalmente de finais em aberto, tinha decidido não dar continuidade à leitura da saga. Como livro único funciona relativamente bem e apesar de ficar curiosa temo até que ponto os livros seguintes não irão “estragar” o que eu tanto gostei de ler neste livro.
Pontos positivos: A quantidade de aventuras que Claire vive, o despertar dela para a vida, ela só começa realmente a viver quando viaja no tempo e o Jamie.
Pontos negativos: Não é propriamente negativo mas tive pena de a viagem do tempo ter sido apenas o pretexto para criar um problema e contar esta história. Todos os capítulos de Lallybrock foram uma seca para mim. O final em aberto.
Estado de espírito: Óptimo, li-o em Agosto e apesar de estar a trabalhar foi uma excelente leitura de verão.
Fez-me refletir sobre: Se o amor com obstáculos é sempre mais apaixonante que o amor que não tem obstáculos.