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Telma_txr

Mix de leituras, organização, tv, filmes, tecnologia e de mim, claro!

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Mix de leituras, organização, tv, filmes, tecnologia e de mim, claro!

18.03.12

Resumo: "L.A. Confidential" conta a história da investigação do violento massacre no "Mocho da Noite" pela polícia de Los Angeles. Através da perspectiva de três polícias - Jack Vincennes, Bud White e Ed Exley - seguimos toda a investigação. Só que estes três polícias detestam-se desde o episódio do "Natal Sangrento" e durante anos eles avançam na investigação sem cruzarem a informação entre si. O caso "Mocho da Noite" é dado como resolvido quando Ed Exley abate três jovens negros tidos como os principais suspeitos do massacre só que, anos mais tarde, descobre-se que estavam de facto inocentes e o caso é reaberto.  Só nesse momento é que estes três polícias começam finalmente a trabalhar em conjunto e a obter respostas sobre quem é a mente por detrás daquele crime.
Expectativa: Eu já conhecia James Ellroy, li o "Dália Negra" há uns anos e por isso não esperava nada menos que uma boa história de crime e mistério deste autor norte-americano.
Opinião: A escrita de James Ellroy não é para todos, dificilmente é para mim. Não desgosto mas é muito cansativa, rápida, telegráfica como muitos a rotulam. Por outro lado é também uma lufada de ar fresco nas minhas leituras com temas predominantemente femininos pois o autor não se retrai de usar e abusar de palavrões, ofensas, cenas de tiroteio, pancadaria, obscenidades. Resumindo, a forma de escrever de James Ellroy é, como expliquei a um amigo meu, muito máscula. E isso é bom!
A construção da história parece megalómana e desorganizada: os personagens abundam (nomes, nomes e mais nomes) e só quando cheguei a meio do livro é que percebi que aquele "caos" tinha um sentido e que ninguém estava ali por acaso.
O "Natal Sangrento", evento que ocupa o primeiro terço do livro serve para nos introduzir aos nossos três protagonistas principais  e atirá-los em direcções completamente diferentes:
Ed Exley é jovem e calculista, tenta racionalizar tudo, é ambicioso e com um grande sentido de dever.
Jack Vicennes é o "Mr Hollywood": conhece as estrelas do cinema, é conselheiro numa série de TV sobre polícias e faz detenções a troco de exclusivos para a revista "Hush-hush".
Bud White é um brutamontes que age antes de pensar. Dedica parte do seu tempo livre a deter abusadores de mulheres devido ao trauma de infância que sofreu.
Confesso que gostei dos três. Por vezes detestava um, depois outro mas no geral gostei deles por serem imperfeitos, com segredos que eram por vezes como pesos que os puxavam para baixo, outras como o combustível que os inflamava e os obrigava a continuar. Adoráveis crápulas! A narrativa muda constantemente entre a visão de cada um deles e nem sempre é fácil de acompanhar o "fluxo de informação" que jorra das páginas deste livro: nomes, lugares, datas, situações é algo que é difícil de acompanhar ou mesmo de visualizar. O mega puzzle que é este livro parece que, a determinado momento, é impossível de resolver ou que vai ser resolvido de forma medíocre. Lembro-me de quando li o Dália Negra de ter sentido isso mesmo: um final que foi fraco pouco credível. No entanto L.A. Confidential supera o seu antecessor por encaixar muito bem as peças de algo que parecia impossível de resolver. A excitação que obtive quando os três rapazes se juntam finalmente (e não se degolam uns aos outros) para encontrarem os cabecilhas por detrás de todos aqueles crimes é incomparável.
Outro ponto forte é a forma como a realidade e ficção se entrelaçam neste livro: o acontecimento do "Natal Sangrento", Lana Turner e Johnny Stompanato, Mickey Cohen e outros foram figuras reais que aqui representam um papel ficcionado.
Comparando com o filme, que conhecia e adorava, posso dizer que o filme é o esqueleto da história onde o livro tem a carne e o sangue. Ambos são muito bons, obras que sobrevivem independentemente um do outro mas que também se complementam: o livro tem mais informação e reviravoltas enquanto o filme nos dá apenas o básico da história.
Sei que houve uma tentativa falhada de adaptar esta história para série de TV no passado mas não consigo deixar de pensar que daria uma excelente série de TV: tem material suficiente para três ou quatro temporadas de 12 episódios.
Por fim, começo a lamentar não estar a ler o "Quarteto de L.A.", o nome dado aos quatro livros que constituem as histórias da polícia de Los Angeles pela devida ordem, visto que há personagens aparecem em mais que um livro e há situações do passado que influenciam a acção do livro presente.

 

Pontos Positivos: A perspectiva do raciocínio de cada um dos polícias, a investigação, a janela que nos mostra uma cidade podre e cheia de vícios que vive apenas de aparências.
Pontos Negativos: Nomes, nomes e mais nomes até à exaustão.
Estado de espírito: Boa mas ando um pouco cansada e a precisar de algo mais leve. Apesar de ter adorado o livro sinto-me aliviada por o ter terminado.
Fez-me refletir sobre: Corrupção, segredos terríveis, chantagens e abuso da autoridade. Ganância.

09.02.12

Resumo: Revolutionary Road conta a história de Frank e April Wheeler, um jovem casal americano dos anos 50 que têm uma vida estável e perfeita nos subúrbios de Nova Iorque. No entanto ambos estão terrivelmente infelizes com a vida que têm pois sentem que abdicaram dos seus sonhos quando casaram e tiveram filhos. Decidem então partir, deixar para trás aquele lugar e irem viver para Paris, um lugar que sempre sonharam, um lugar melhor. O problema é que Frank tem de enfrentar o medo de um futuro incerto e April terá de lutar para que não desistam da mudança.

Expectativa: Esperava um bom livro, sério e pesado mas receava não gostar da escrita ou que fosse muito enfadonho. 

Opinião: Mesmo que não tivesse gostado da história teria adorado a experiência de ler Richard Yates. Que escritor maravilhoso. Adorei tanto mas tanto a sua prosa, a forma como nos apresentava as cenas, em que actos e pensamentos, frases e ideias coexistiam todos no mesmo parágrafo. As discussões, as emoções são tão bem narrados que senti-me na pele daqueles personagens, vivendo aquele dia-a-dia, sofrendo a agonia dos dias que passam e da vida não muda.
O tema do livro é o mais banal possível: um casal em ruptura, com discussões constantes, em sofrimento. Um tema que pela sua simplicidade faz-nos acreditar que será outro livro banal só que a forma como Yates desenvolve as cenas, interliga os personagens, as suas acções e consequências (além da sua escrita maravilhosa) é que o torna cativante.
É sobre a perspectiva de Frank que conhecemos grande parte da história: a sua incapacidade de alcançar April, o trabalho enfadonho, a traição, a euforia e posteriormente em partir. Houve momentos que me repugnou com as suas mentiras e manipulações, outras que senti compaixão porque afinal ele é cobarde, como todos nós o somos pelo menos uma vez na vida. Do outro lado April, a altiva, a autora da louca ideia de partirem para Paris, é a pessoa mais infeliz de toda a história. Quando o livro começa presenciamos o último dos seus sonhos a ser esmagado. É terrível estar na pele dela. A mulher, a dona de casa, a mãe... ela é tudo aquilo que não desejava ser naquele momento.
Nas discussões por vezes ficava do lado dele, outras do dela. Amei e odiei ambos porque revi-me em ambos, no bom e no mau.
John Givings entra em cena como o elemento destabilizador: ele é o louco, sem filtro social, que diz o que pensa e por isso mete o dedo na ferida e esfrega. É ele que compreende a loucura dos Wheelers em partirem do "vazio sem esperança" e é ele que abre o jogo quando estes anunciam que já não o vão fazer.

Uma pequena nota: não resisti em ver logo a seguir o filme realizado por Sam Mendes, com a Kate Winslet e o Leonardo Di Caprio. A adaptação está perfeita com ambos os actores a fazerem uma interpretação excepcional. No entanto a escrita de Richard Yates é incontornável e merece ser lida.

Pontos Positivos: A escrita maravilhosa de Richard Yates, o tema íntimo que retrata, a forma crua como a história é contada.

Pontos Negativos: Não tem.

Estado de Espírito: Muito bom, ansiava há algum tempo em ler algo assim.

Fez-me reflectir sobre: As expectativas da juventude, os sonhos quebrados, a coragem e a cobardia. O espaço vazio que a falta de amor deixa.

27.05.10

 Resumo: Griet, para ajudar a sua família necessitada, vai trabalhar para a casa do pintor holandês Jan Veermer. Ao início Griet sente-se estranha e deslocada, imersa no que parece ser um ambiente hostil. As tarefas como criada são pesadas e rotineiras com a excepção de uma delas: limpar o estúdio onde Veerner pinta. Ao perceber a sensibilidade da criada, Veermer começa a confiar nela mais tarefas como misturar tintas para os quadros. Griet olha para Veermer com a adoração de uma adolescente para um idolo, que lhe está tão perto mas que não pode na realidade alcançar. Apesar de ser muito recatada, a beleza de Griet não passa despercebida: Pieter, o rapaz de talho enamora-se por ela, Van Ruijven, o patrono de Veermer quer um quadro dela, e até o próprio Veermer parece afectado pela sua beleza. Mas se esta atrai os homens, afasta as mulheres, especialmente Catharina, a mulher de Veermer, que está constantemente grávida.  Após a "encomenda” de Van Ruijven de um quadro de Griet, Veermer entende que este só ficará completo se ela usar os brincos de pérola da mulher Catharina. E no dia em que Veermer termina o quadro Catharina, enraivecida de ciúmes, expulsa Griet de casa e tenta, sem sucesso, destruir o quadro.
A história termina anos mais tarde, após a morte de Veermer, em que Catharina chama Griet para lhe dar os brincos de pérola que não usara mais vez nenhuma desde esse dia. 
Critica: Houve vários aspectos deste livro que gostei imenso. Primeiro que tudo, a sua reduzida dimensão. Em 199 páginas temos uma história bem contada, que não deambula em descrições supérfluas como é normal em tantos romances dos dias de hoje. Outro aspecto que gostei foi que a história é contada da perspectiva de Griet. E Griet é, sem sombra de dúvida, um dos personagens que mais gostei de ler. É uma adolescente muito recatada e introvertida, que reprime as suas emoções de uma forma quase dolorosa. As situações são muito bem descritas, quase conseguimos ver as cores dos quadros de Veermer. Acho que não houve uma única parte do livro que fosse lamechas e é no entanto emocionante. Acho que é um livro que pode ser lido em qualquer idade, desde a jovem rapariga como Griet até à mulher mais velha como Maria Thins. Muito bom! 
Expectativa e estado de espírito: Tomei conhecimento deste livro após ter visto o filme e quando surgiu a oportunidade de o comprar por um euro na Colecção Biblioteca Sábado, não hesitei. Veermer é um dos pintores mais interessantes e ler este livro é um vislumbre para a vida daquela época, daquela sociedade em que ele viveu, tal como são os seus quadros. Após a leitura de um livro “pesado”, este “Rapariga do Brinco de Pérola” foi exactamente o tipo de livro que eu precisava e gosto de ler: uma perspectiva feminina sobre a sociedade em que vive, o íntimo doméstico, o dia-a-dia de uma família. 
Pontos positivos: A excelente caracterização e construção dos personagens, o enquadramento histórico, o tema. 
Pontos negativos: Nenhum, excepto que soube a pouco e fiquei com vontade de ler mais. 
Fez-me reflectir sobre: Idolatria, criatividade, o quanto são raros os momentos de felicidade plena na nossa vida.

13.11.09

Resumo: A história começa no dia a seguir a Xerazade ter contado as suas mil e uma histórias. O Sultão decide poupar-lhe a vida. A partir daí a história é levada de personagem em personagem, como se fosse um conto oral transmitido de boca em boca. O bairro é o local onde quase todas as situações decorrem, o café dos Emires o epicentro da vida social das personagens. Ódios, amores, mortes, génios, feiticeiros, homens de deus e políticos, todos surgem numa amálgama de acontecimentos. Deus está sempre presente, nas bocas e espíritos dos homens.

Crítica: Andei a tentar recordar-me se já tinha antes lido um autor árabe mas penso que não. Tive várias dificuldades com este livro, sendo a principal a linguagem. A forma da escrita, o ritmo das palavras é tão diferente que senti-me dividida entre o fascínio e o aborrecimento. Por outro lado tem frases e ideias carregados de simbolismo, religião e valores humanos que convidam a ler devagar. A reflectir sobre aquela ideia. Compreendo por isso porque é que este autor ganhou o Nobel da Literatura. Tal como o outro Nobel que li, Gabriel Garcia Marquéz, o “Cem anos de Solidão”, a solução para ler este livro com sucesso é o desprendimento absoluto. Não há mistério a resolver nem solução ou destino. É uma panóplia de pequenas histórias que se entrecruzam dando um olhar sobre uma sociedade que é social e religiosamente diferente da nossa.

Pontos positivos: As frases maravilhosas, cheias de religiosidade, filosofia e reflexão. A mistura entre o real e o mágico.

Pontos negativos: Sidi al-Warraq, Hasan al-Altar, Galil al-Bazzaz, Suleiman al-Zeimi, Al-Muin Sawi, Shamoul, Fadil Sannan, Ugr, Maruf, Ibrahim, Ragab, Abbas al-Khaligi, Sami Shukri... são alguns dos inúmeros personagens desta história. Ler estes nomes é uma dôr-de-cabeça...

Expectativa e estado de espírito: Sem expectativas, fui surpreendida com uma obra de qualidade, talvez acima da minha actual capacidade de compreensão. Eu realmente precisava de ler um livro mais leve do que este foi.

Fez-me reflectir sobre: As diferenças culturais entre oriente e ocidente, começam na língua mas passam pela cultura e educação. Será possível lançar pontes de entendimento?

23.07.09

Resumo: Jack Torrance e a sua família mudam-se para o Overlook Hotel depois de este ter aceite um trabalho como zelador nos meses de Inverno. Danny, o filho do casal, é uma criança com um poder psíquico extraordinário e a sua "luz" brilha intensamente. Aos poucos o hotel começa a revelar os seus "segredos" a Danny e aos seus pais, levando-os a enlouquecer aos poucos...

Crítica: Não gostei. Não gosto da forma como o Stephen King escreve. Parece que estou a ler um guião de um livro. Se bem que este "A luz" é de longe muito melhor que o "Cell", dei por mim a ler uma página e a adormecer de seguida. Não me agarrou ou inspirou e muitas vezes pensei em desistir do mesmo.
Pontos positivos:
Os pequenos e súbitos pensamentos que as personagens tinham.
A construção da história: pequenos pormenores no início tornam-se importantes no final e vice-versa.
A densidade das personagens.

Pontos negativos:
O saltitar de personagem em personagem (outra vez a minha teoria do guião).
A escrita pouco poética, talvez um pouco redundante e definitivamente cansativa!

Expectativa e estado de espírito: Tinha uma grande expectativa em relação a este livro, por ser uma grande fã do filme. Conhecia a polémica entre o Stephen King e o Kubrick, relativamente à adaptação e por isso a curiosidade não podia maior. Estou desiludida acima de tudo. Estive para desistir várias vezes porque foi, acima de tudo, uma leitura angustiante.

Esta obra fez-me reflectir sobre: A família, doenças mentais e poderes psíquicos.

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