29.10.14
O Sentido do Fim, de Julian Barnes // 3 estrelas
Tinha grandes expectativas para um livro que comprei apenas pela capa e pelo título.
Talvez, o ter sido vencedor do Man Booker Prize em 2011, fosse a razão pela qual eu me tinha convencido que este seria um livro pequeno mas deslumbrante. Pequeno sim mas longe de deslumbrante.
O fim dá sentido às reacções de outras personagens e aos acontecimentos mas, a revelação no final fica tão aquém do surpreendente que pergunto-me o porquê de ter sido o vencedor de um prémio tão prestigiado.
O Amor nos Tempos de Cólera, de Gabriel García Márquez // 3 estrelas
Talvez a minha grande desilusão do ano.
Sendo o Cem anos de solidão o meu livro favorito e, querendo marcar a morte deste grande autor com a leitura de um dos seus livros, este O Amor nos Tempos de Cólera revelou-se uma leitura sofrível, que se arrastou por vários meses, por vezes deixando-me a pensar porque é que continuava a lê-lo.
Não gostar do protagonista é, para mim, meio caminho andado para desistir do mesmo e, Florentino Ariza é, provavelmente, um dos mais errados e desinteressantes heróis românticos que já li. Talvez na cabeça de Márquez, a ideia de um indivíduo feio e mulherengo com alma de poeta e perfil de stalker fosse glamorosa o suficiente para daí escrever um livro em que o amor vence, mesmo quando a mulher passa mais de 50 anos a dizer que não. Na minha cabeça não é não, não é amor.
Além disso, a característica que mais gosto da sua escrita, o realismo mágico, pouco ou nada surgiu. Ficam como pontos positivos a sua escrita maravilhosa e um retrato interessante das caraíbas do virar do século XX.
Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, de George Orwell // 4 estrelas
"Big Brother is watching you" é a expressão que me vem à cabeça sempre que vejo câmaras de vigilância ou sempre que surge um novo debate sobre a perda de privacidade nos dias que correm.
Publicado em 1949, Mil Novecentos e Noventa e Quatro é o livro que dá origem a esta expressão e já estava há muito na minha lista "para ler". É considerado como um dos grandes livros do Séc. XX e ainda hoje (talvez mais do que nunca) actual e é daqueles livros que, por isso mesmo, me intimidam como leitora.
Gostei muito do livro, do conjunto de ideias apresentado (políticas, sociais), gostei de todo o conceito distópico e foi sem dúvida um livro que me deu muito para pensar. No entanto todo o ambiente sufocante e soturno, a prosa monótona e o meu pouco interesse no destino final das personagens, fez com que este livro acabasse por não ser um favorito meu.
A casa das sete mulheres, de Lecticia Wierzchowski // 4 estrelas
Uma das leituras preferidas dos últimos tempos.
Foi-me altamente recomendado por várias pessoas, entre elas a Cat_Sadiablo que foi uma querida por me ter emprestado a sua muito valiosa e muito rara cópia do livro.
Conhecia (e amava) a história e as personagens pela série de TV que afinal, foi criada a partir deste livro. No entanto, enquanto que na série de tv foquei mais a minha atenção nos amores e sofrimentos de cada uma das sete mulheres da casa, no livro também pude usufruir de um pouco de História, nomeadamente o que foi a Revolução Farropilha, que levou à desanexação do estado do Rio Grande do Sul do resto do império do Brasil. Afinal o romance entre Manuela (a minha personagem favorita da série e a narradora de partes desta história) e Garibaldi existiu mesmo e esta ainda é hoje conhecida na zona onde viveu como a "Noiva de Garibaldi".
Além do excelente desenvolvimento da parte histórica que o livro apresenta, outro facto que o torna extraordinário é a linguagem. A mistura de termos portugueses com castelhanos poderia ter dificultado a leitura do mesmo. No entanto, Lecticia Wierzchowski é exímia na forma como o faz, nunca sendo uma leitura de difícil compreensão e ajudando até a entrar no universo que este livro retrata.
Outro ponto a favor é o retrato e o foco nas personagens femininas durante uma época tão turbolenta como é a de um cenário de guerra.
É um livro que recomendo (apesar de ser impossível de encontrar em Portugal) principalmente para quem gosta de ficção histórica e pretende ler algo não anglo-saxónico.