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Telma_txr

Mix de leituras, organização, tv, filmes, tecnologia e de mim, claro!

Telma_txr

Mix de leituras, organização, tv, filmes, tecnologia e de mim, claro!

27.03.12

 

Lido no Kindle
Lido em Inglês


Esta opinião contém spoilers

Resumo: Jackie está a viver há 6 meses na selva do Perú com Noah e cheia de saudades de Zane. Noah surpreende-a com um pedido de casamento mas, antes que a confusa Jackie possa responder que "para sempre" é tempo demais, ambos são levados pelos Serim para serem julgados pelos pecados cometidos pela Jackie. Ajudada por Ethan, um belo e inocente Ninphillin, Jackie foge das garras de Ariel, um Serim determinado a engravidá-la, deixando Noah para trás. Ela só tem uma forma de o recuperar: ajudar a sua amiga Remy a livrar-se do halo que a possui (chamado Joaquim) e entregá-lo ao arcanjo Gabriel. Só assim poderá ajudar a sua amiga, libertar Noah e salvar o mundo.
Ao regressar a New City Jackie descobre que Remy está desaparecida e que apenas os vampiros a poderão ajudar. Reencontra Zane, que está proibido pela rainha de lhe tocar. Caleb, um dos vampiros instruído de os ajudar realiza uma cerimónia para extrair Joaquim da Remy mas acaba por transferir o halo para dentro de si. Jackie tem de encontrar uma forma de recuperar o halo, levá-lo a Gabriel sem se cruzar com a rainha.
No meio disto tudo Jackie descobre finalmente, por causa de uma pintura que Noah tem guardada, porque é que foi transformada em succubus: Zane e Noah tiveram no passado apaixonados pela mesma mulher e Jackie é a cópia viva dela.

Expectativa: Pensava que este era o último livro da saga e por isso estava muito curiosa para saber como alguns pontos iriam ser rematados e com quem Jackie ia ficar no final.

Opinião: Depois de uma primeira impressão pouco positiva do primeiro livro e outra melhor do segundo posso dizer que ao terceiro foi de vez. Estou rendida a esta série de livros: divertidos, leves, com romance, paranormal e hotness quanto baste.
Jackie parece menos idiota e mais centrada. Neste livro é arrastada para as situações, não as provoca por mera burrice e isso tornou-a, a meus olhos, mais agradável. Nem sempre é tarefa fácil ler um livro do qual não se morre de amores pela protagonista feminina, pelo menos para mim. O que este livro teve de muito bom foi que entrelaçou no seu enredo os problemas dos primeiros dois livros: Remy continuava possuída por Joaquim e Jackie é condenada pelos Serim por ter entregue outro succubus a um demónio. Tudo se resolve mais ou menos neste livro. Outra grande questão era "Porque é que o Zane escolheu a Jackie para transformar em succubus?" (essa parte da história é contada no conto Foreplay) também é aqui explicada e não estava muito longe daquilo que eu imaginava.
Enredos à parte, o grande encanto destes livros é abordar a poligamia feminina com pouca ou nenhuma culpa. Jackie tem dois amores que em nada são iguais: Noah é loiro, rico e o seu rochedo, aquele com que ela pode sempre contar. Zane é moreno, perigoso e vampiro, uma espécie de sonho molhado de toda a rapariguinha boa que quer ser má. Ambos apetecíveis e ambos a pressionarem Jackie constantemente para escolher um deles. Que pena tive eu que não tivesse sido ela a escolher mas, há um momento em que Jackie decide abdicar um dos dois por amor e é nesse momento que ela percebe quem realmente ama.
Podia a saga ter terminado aqui e terminava muito bem mas o final deixou em aberto algumas situações para manter a sua continuidade. Assim, brevemente sairá o quarto livro "Succubi are forever" e até lá ainda terei dois contos para ler: "Zane's Tale" e "Succubus, Interrupted".

Pontos Positivos: As cenas hot estão bem melhores, livros divertidos e leves de ler.

Pontos Negativos: As piadinhas a meio das cenas de maior perigo, como cenas de luta e a Jackie vai e pensa algo totalmente idiota.

Estado de Espírito: Bem, usei este livro para contrabalançar uma leitura mais pesada.

Fez-me refletir sobre: Poligamia feminina

18.03.12

Resumo: "L.A. Confidential" conta a história da investigação do violento massacre no "Mocho da Noite" pela polícia de Los Angeles. Através da perspectiva de três polícias - Jack Vincennes, Bud White e Ed Exley - seguimos toda a investigação. Só que estes três polícias detestam-se desde o episódio do "Natal Sangrento" e durante anos eles avançam na investigação sem cruzarem a informação entre si. O caso "Mocho da Noite" é dado como resolvido quando Ed Exley abate três jovens negros tidos como os principais suspeitos do massacre só que, anos mais tarde, descobre-se que estavam de facto inocentes e o caso é reaberto.  Só nesse momento é que estes três polícias começam finalmente a trabalhar em conjunto e a obter respostas sobre quem é a mente por detrás daquele crime.
Expectativa: Eu já conhecia James Ellroy, li o "Dália Negra" há uns anos e por isso não esperava nada menos que uma boa história de crime e mistério deste autor norte-americano.
Opinião: A escrita de James Ellroy não é para todos, dificilmente é para mim. Não desgosto mas é muito cansativa, rápida, telegráfica como muitos a rotulam. Por outro lado é também uma lufada de ar fresco nas minhas leituras com temas predominantemente femininos pois o autor não se retrai de usar e abusar de palavrões, ofensas, cenas de tiroteio, pancadaria, obscenidades. Resumindo, a forma de escrever de James Ellroy é, como expliquei a um amigo meu, muito máscula. E isso é bom!
A construção da história parece megalómana e desorganizada: os personagens abundam (nomes, nomes e mais nomes) e só quando cheguei a meio do livro é que percebi que aquele "caos" tinha um sentido e que ninguém estava ali por acaso.
O "Natal Sangrento", evento que ocupa o primeiro terço do livro serve para nos introduzir aos nossos três protagonistas principais  e atirá-los em direcções completamente diferentes:
Ed Exley é jovem e calculista, tenta racionalizar tudo, é ambicioso e com um grande sentido de dever.
Jack Vicennes é o "Mr Hollywood": conhece as estrelas do cinema, é conselheiro numa série de TV sobre polícias e faz detenções a troco de exclusivos para a revista "Hush-hush".
Bud White é um brutamontes que age antes de pensar. Dedica parte do seu tempo livre a deter abusadores de mulheres devido ao trauma de infância que sofreu.
Confesso que gostei dos três. Por vezes detestava um, depois outro mas no geral gostei deles por serem imperfeitos, com segredos que eram por vezes como pesos que os puxavam para baixo, outras como o combustível que os inflamava e os obrigava a continuar. Adoráveis crápulas! A narrativa muda constantemente entre a visão de cada um deles e nem sempre é fácil de acompanhar o "fluxo de informação" que jorra das páginas deste livro: nomes, lugares, datas, situações é algo que é difícil de acompanhar ou mesmo de visualizar. O mega puzzle que é este livro parece que, a determinado momento, é impossível de resolver ou que vai ser resolvido de forma medíocre. Lembro-me de quando li o Dália Negra de ter sentido isso mesmo: um final que foi fraco pouco credível. No entanto L.A. Confidential supera o seu antecessor por encaixar muito bem as peças de algo que parecia impossível de resolver. A excitação que obtive quando os três rapazes se juntam finalmente (e não se degolam uns aos outros) para encontrarem os cabecilhas por detrás de todos aqueles crimes é incomparável.
Outro ponto forte é a forma como a realidade e ficção se entrelaçam neste livro: o acontecimento do "Natal Sangrento", Lana Turner e Johnny Stompanato, Mickey Cohen e outros foram figuras reais que aqui representam um papel ficcionado.
Comparando com o filme, que conhecia e adorava, posso dizer que o filme é o esqueleto da história onde o livro tem a carne e o sangue. Ambos são muito bons, obras que sobrevivem independentemente um do outro mas que também se complementam: o livro tem mais informação e reviravoltas enquanto o filme nos dá apenas o básico da história.
Sei que houve uma tentativa falhada de adaptar esta história para série de TV no passado mas não consigo deixar de pensar que daria uma excelente série de TV: tem material suficiente para três ou quatro temporadas de 12 episódios.
Por fim, começo a lamentar não estar a ler o "Quarteto de L.A.", o nome dado aos quatro livros que constituem as histórias da polícia de Los Angeles pela devida ordem, visto que há personagens aparecem em mais que um livro e há situações do passado que influenciam a acção do livro presente.

 

Pontos Positivos: A perspectiva do raciocínio de cada um dos polícias, a investigação, a janela que nos mostra uma cidade podre e cheia de vícios que vive apenas de aparências.
Pontos Negativos: Nomes, nomes e mais nomes até à exaustão.
Estado de espírito: Boa mas ando um pouco cansada e a precisar de algo mais leve. Apesar de ter adorado o livro sinto-me aliviada por o ter terminado.
Fez-me refletir sobre: Corrupção, segredos terríveis, chantagens e abuso da autoridade. Ganância.

07.03.12

Lido no Kindle
Lido em Inglês
Resumo: Dare e Julienne são ex-amantes que foram separados por mal-entendidos e uma situação de traição terrível. Sete anos depois ela é uma atriz em ascenção em Londres e ele é o Marquês de Wolverton. Dare é também espião que procura descobrir quem é o perigoso Caliban. Ao descobrir que este pode ser um dos vários pretendentes de Julienne, Dare decide reaproximar-se de Julienne mas, aquilo que começa por ser um acto calculado acaba por levar à reaproximação dos dois ex-amantes e ao despertar do sentimento que julgavam enterrado no passado.
Expectativa: Boa, queria continuar a ler livros deste tipo, “leves” e picantes!
Opinião: Depois de ter apreciado bastante o “The Savage” (que foi o meu primeiro contacto com esta autora) não resisti a saltar para outro livro escrito por Nicole Jordan. Escolhido apenas pelo seu título muito sugestivo, comecei a ler o “The Prince of Pleasure” sem fazer ideia de que este livro encerra uma série em que todos os protagonistas masculinos são todos amigos. No entanto só percebi isso no fim do livro, quando há um jantar onde quase todos estão presentes e fala-se neles como se houvesse alguma familiaridade. A sorte é que, como este livro é uma história isolada não senti a falta de ler os livros anteriores, apenas curiosidade.
Eu gosto muito de literatura romântica e estou habituada às formulas usadas e abusadas mas este “Prince of Pleasure” aborreceu-me um bocado. Primeiro a protagonista Julienne, achei-a demasiado passiva. Ela é a vítima de TUDO! Do esquema elaborado do avô para separar os dois, da doença da mãe, da impetuosidade de Dare, etc. E vemo-la a dizer capítulo após capítulo: “Eu vou lhe resistir, eu vou conseguir, eu vou fazer” e depois não faz…Mais difícil de engolir ainda é a facilidade com que ela perdoa Dare. Hum, desculpem mas não percebi mesmo! Depois temos o Dare que gosta de Julienne porque é bonita. A sério, não percebi que outras razões existiam além desta. O enredo da espionagem foi interessante mas simples e curto porque o mais interessante é que os personagens fizessem sexo. E fizeram tanto sexo que até eu, que acho que não existe tal coisa como “demasiado sexo”, comecei a enjoar. Não por ser mau, que as cenas são bem “hot” mas porque foi demais. Demasiado sexo e pouca conversa. As situações foram resolvidas com pouco.
Pontos Positivos: Uma época interessante, um desafio entre os protagonistas muito empolgante e gostei do enredo de espionagem de fundo.
Pontos Negativos: A passividade da protagonista, a forma “pouco conversada” com que as situações se resolveram, a paixão avassaladora que tornou-se quase irrealista.
Estado de Espírito: Bom apesar de andar um pouco cansada e mal-humorada.
Fez-me refletir sobre: Refugiados de guerra, ser sempre estrangeiro e digno de desconfiança mesmo que se tenha crescido naquele local. Diferenças sociais.

17.02.12

Como são muitos nomes para memorizar e nem sempre sei se estou a visualizar o personagem certo, vou aqui apontar os personagens principais do "L.A. Confidential" que estou a ler. Usei os actores do filme com o mesmo nome, que pretendo rever quando terminar a leitura.

Jack "Caixote do Lixo" Vincennes
Bud White
Edmund J. Exley
Dudley Smith
Sid Hudgens - Revista "Hush Hush"
E por enquanto são estes porque a personagem da Kim Basinger ainda não apareceu.

16.02.12

Lido no Kindle
Lido em Inglês

Resumo: Summer Weston é filha de um fazendeiro texano rico, bonita e mimada. Está habituada a brincar com os corações dos homens que a rodeiam mas há Lance Calder continua a escapar-lhe. O livro começa na noite em que Summer consegue finalmente seduzi-lo e com isso fazer com que seja despedido pelo pai dela. Cinco anos e uma guerra civil depois o Texas é um lugar perigoso para se viver. A irmã de Summer foi raptada e o seu único irmão sobrevivente está incapaz de ajudar. Summer recorre a Calder para ajudá-la a recuperar a irmã e o que ele lhe pede em troca é que Summer se case com ele. Casados partem em busca de Amelia e salvam-na. No entanto, a aventura de ambos não termina com o resgate pois terão de enfrentar juntos o racismo e a xenofobia de serem um casal inter-racial.

Expectativa: Esperava um romance meloso com cenas quentes.

Opinião: Ora aqui está uma autora que escreve o tipo de literatura romântica que gosto de ler. Eu gosto muito de histórias em que o casal protagonista não consegue tirar as mãos de cima um do outro e no entanto passam o tempo a discutir, a resistir ao amor, a não acreditar que sejam correspondidos. E esta história tem isso tudo. Lance Calder é mestiço e alvo de xenofobia, tornando-se por isso muito desconfiado e orgulhoso. Summer é a tipica dama frágil e virgem, cheia de pudores, que fica à mercê do selvagem Lance. Coitadinha! No entanto a Summer é uma personagem que tem uma evolução muito positiva e que demonstra uma grande força interior.
Gostei muito do contexto histórico, Texas após a guerra civil Norte Americana, o que me fez relembrar bastante o "E tudo o Vento Levou". A autora dá-nos uma perspectiva dos colonizadores brancos, da guerra pelas terras com os índios, a provação das tribos índias com a invasão dos brancos, as tradições Comanches, etc... Muito bom, sem ser secante.
Depois há também a questão racial que tanta dor provoca. Apesar do "amor vencer no final" gostei que a autora tivesse o cuidado de mostrar que eles só conseguiriam viver como casal se Lance fosse bem aceite pela sociedade branca.
Por fim, as cenas mais quentes são das mais escaldantes que já li. A escritora é mestre em torturar o leitor com "quase" cenas, em que quase acontece mas algo impede que levem o acto até ao fim e lá ficamos nós, leitores, pendurados mais umas 100 páginas até que algo aconteça. Até me obriguei a procurar uma imagem de um índio americano para ter uma boa imagem do rapaz. Escolhi aqui o modelo Rick Mora que é um belo representante da sua etnia:
Com um Lance assim quem é que resistiria?!

Note-se que li este livro no Kindle, numa reedição especial em ebook porque a versão em papel foi apenas publicada nos anos 90. Graças à reedição electrónica pude ler esta história da qual gostei bastante.

Pontos Positivos: O contexto histórico, as cenas de sedução, o argumento de angústia constante que me fez devorar páginas.

Pontos Negativos: A autora repete as mesmas expressões várias vezes, o excesso de amor no fim do livro, o facto das personagens secundárias serem tão bidimensionais.

Estado de Espírito: Boa e este livro tornou-a ainda melhor.

Fez-me reflectir sobre: Racismo, solidão, diferenças culturais.

10.02.12


Resumo: Este livro é constituído por 5 contos. Pó de Fada - Neste conto Claude e Claudine procuram Sookie para ajudá-los a descobrir quem matou a sua irmã-gémea, Claudette. Noite de Drácula - É a noite de aniversário de Drácula e Eric espera ansiosamente que o conde honre o Fangtasia com a sua visita. Resposta de Uma Palavra Só - Sookie recebe a visita do advogado da rainha Sophie-Anne com uma triste notícia. Sorte - Sookie e Amelia aceitam ajudar o agente de seguros da Sookie. Presente Embrulhado - Sookie descobre um presente inesperado na floresta na véspera de Natal.

Expectativa: Nenhuma, eu conheço bem esta saga e já sabia que se tratava de uma série de contos já publicados.

Opinião: Os contos desta compilação são pequenos casos ou situações que acontecem com a Sookie em momentos entre os livros que já foram publicados (do primeiro ao décimo volume). Alguns destes contos expandem um pouco o universo, explicam certos rituais, outros esclarecem o que aconteceu antes de alguns livros, como por exemplo o "Resposta de uma Palavra Só" que introduz os acontecimentos do Traição de Sangue. Apesar de não achar esta compilação de contos nada de extraordinário, reconheço que a saga só fica completa com estes contos. Algo que notei e me surpreendeu foi que os casos (de investigação) pareceram-me muito mais interessantes, talvez por serem curtos e não dar muito espaço a passagens como a Sookie a lavar a roupa ou a arrumar a casa.

Pontos Positivos: Uma boa adição à saga. Mais curtos e mais interessantes.

Pontos Negativos: Pouco empolgantes.

Estado de Espírito: Boa.

Fez-me reflectir sobre: Nada.

09.02.12

Resumo: Revolutionary Road conta a história de Frank e April Wheeler, um jovem casal americano dos anos 50 que têm uma vida estável e perfeita nos subúrbios de Nova Iorque. No entanto ambos estão terrivelmente infelizes com a vida que têm pois sentem que abdicaram dos seus sonhos quando casaram e tiveram filhos. Decidem então partir, deixar para trás aquele lugar e irem viver para Paris, um lugar que sempre sonharam, um lugar melhor. O problema é que Frank tem de enfrentar o medo de um futuro incerto e April terá de lutar para que não desistam da mudança.

Expectativa: Esperava um bom livro, sério e pesado mas receava não gostar da escrita ou que fosse muito enfadonho. 

Opinião: Mesmo que não tivesse gostado da história teria adorado a experiência de ler Richard Yates. Que escritor maravilhoso. Adorei tanto mas tanto a sua prosa, a forma como nos apresentava as cenas, em que actos e pensamentos, frases e ideias coexistiam todos no mesmo parágrafo. As discussões, as emoções são tão bem narrados que senti-me na pele daqueles personagens, vivendo aquele dia-a-dia, sofrendo a agonia dos dias que passam e da vida não muda.
O tema do livro é o mais banal possível: um casal em ruptura, com discussões constantes, em sofrimento. Um tema que pela sua simplicidade faz-nos acreditar que será outro livro banal só que a forma como Yates desenvolve as cenas, interliga os personagens, as suas acções e consequências (além da sua escrita maravilhosa) é que o torna cativante.
É sobre a perspectiva de Frank que conhecemos grande parte da história: a sua incapacidade de alcançar April, o trabalho enfadonho, a traição, a euforia e posteriormente em partir. Houve momentos que me repugnou com as suas mentiras e manipulações, outras que senti compaixão porque afinal ele é cobarde, como todos nós o somos pelo menos uma vez na vida. Do outro lado April, a altiva, a autora da louca ideia de partirem para Paris, é a pessoa mais infeliz de toda a história. Quando o livro começa presenciamos o último dos seus sonhos a ser esmagado. É terrível estar na pele dela. A mulher, a dona de casa, a mãe... ela é tudo aquilo que não desejava ser naquele momento.
Nas discussões por vezes ficava do lado dele, outras do dela. Amei e odiei ambos porque revi-me em ambos, no bom e no mau.
John Givings entra em cena como o elemento destabilizador: ele é o louco, sem filtro social, que diz o que pensa e por isso mete o dedo na ferida e esfrega. É ele que compreende a loucura dos Wheelers em partirem do "vazio sem esperança" e é ele que abre o jogo quando estes anunciam que já não o vão fazer.

Uma pequena nota: não resisti em ver logo a seguir o filme realizado por Sam Mendes, com a Kate Winslet e o Leonardo Di Caprio. A adaptação está perfeita com ambos os actores a fazerem uma interpretação excepcional. No entanto a escrita de Richard Yates é incontornável e merece ser lida.

Pontos Positivos: A escrita maravilhosa de Richard Yates, o tema íntimo que retrata, a forma crua como a história é contada.

Pontos Negativos: Não tem.

Estado de Espírito: Muito bom, ansiava há algum tempo em ler algo assim.

Fez-me reflectir sobre: As expectativas da juventude, os sonhos quebrados, a coragem e a cobardia. O espaço vazio que a falta de amor deixa.

05.02.12

Lido no Kindle
Lido em Inglês

Resumo: Emily Edwards é uma bruxa na pequena cidade de Lost Pine, numa California do séc. XIX. O negócio anda a correr mal graças à concorrência desleal de uma empresa de feitiços por encomenda e Emily e o seu pai estão a passar dificuldades financeiras. Por isso mesmo ela toma a decisão de lançar um feitiço de amor ao lenhador mais rico de Lost Pine que acaba por correr muito muito mal. Numa noite ela consegue provocar uma cena de ciúmes ao lenhador, lançar suspeitas que anda envolvida com o impertinente mago Nova Iorquino Dreadnought Stanton, colocar a população de Lost Pine contra ambos e ficar com uma pedra azul presa à mão direita. Ainda por cima esta pedra tem a propriedade de absorver magia e torna-se vital para Emily retira-la e salvar a mão.
A única pessoa que é capaz de ajudá-la é mesmo o impossível Dreadnought e ambos partem numa viagem mirabolante, cheia de aventuras e perigos escondidos, de vilões disfarçados e de muita magia, até chegarem a Nova Iorque. Pelo caminho Emily e Dreadnought enamoram-se um pelo outro mas a condição física dele e a falta de posição social dela impedem-nos de acreditar que podem ficar juntos.

Expectativa: Pouca ou nenhuma. Apaixonei-me pela capa e pela promessa que seria um livro de cowboys e steampunk. Apesar de não ser bem o que esperava foi uma leitura muito agradável.

Opinião: Este livro tem muito pouco ou quase nada de steampunk e MUITO de magia. Confesso que não sou grande apreciadora e quando comecei a perceber, logo no primeiro capítulo, que era um livro sobre/com magia, torci o nariz, parei a leitura e só a retomei quando comprei o Kindle. Com o avançar da história fui percebendo que a magia neste universo era abordada de uma forma muito científica e racional e foi isso que me manteve cativada. As explicações de Dreadnought a Emily sobre os vários tipos de práticas de magia fazem compreender melhor este universo e nunca foram aborrecidas.
Emily e Dreadnought partem numa viagem cheia de aventuras, o enredo é interessante e original, muito diferente de tudo aquilo que li até agora. A sensação de faroeste está constantemente presente, com cavalos, pistolas, vestidos com corpetes, índios, comboios... muito bom! O Steampunk surge na segunda metade do livro para a frente mas de forma tão subtil que quem não conhece a estética nem se apercebe da sua presença.
Muito aquém da expectativa (ou até mesmo desnecessário) é o romance entre Emily e Dreadnought. Das duas uma: se a escritora planeava em escrever apenas um livro, podia ter construído o romance desde início ou, se planeava uma série (que é o caso), então não teria terminado como o fez. Achei tudo muito forçado, rápido e seco demais. Passam o tempo a tratarem-se como amigos, sem um vislumbre de desejo em frase nenhuma e, de repente, a Emily está a numa choradeira porque tem o coração partido. É tão insípido que desejei que nunca tivesse acontecido. Se vão escrever um romance mau então não o escrevam! Ficavam amigos durante uns livrinhos e o desejo surgia, depois o romance... seria bem mais empolgante de ler.

Pontos Positivos: O universo criado, a história que envolve a pedra da mão da Emily é muito boa, o conceito de magia que a torna real e credível.

Pontos Negativos: O romance. Aqueles vilões no final que não entendi muito bem. O facto do primeiro capítulo ter ficado "pendurado" até ao final da história.

Estado de Espírito: Bom, foi o primeiro livrinho lido no meu Kindle.

Fez-me reflectir sobre: A importância do ser humano em viver em harmonia com o planeta que habita.

17.01.12

Resumo: Vive-se o tempo após Primeira Grande Guerra Mundial e Nick decide rumar a leste à procura de uma nova vida e mais excitação. Nesse verão reata a sua amizade com uma prima afastada, Daisy e o seu marido Tom e trava conhecimento com o seu vizinho Gatsby. Este é conhecido por dar todas as semanas umas festas extravagantes, inundadas de pessoas conhecidas e desconhecidas. Rapidamente Nick torna-se o veículo de reaproximação de Gatsby e Daisy, que tinham estado apaixonados no passado, mas esta relação tem tudo menos de idílico e a tragédia acaba por acontecer, ficando a história para sempre marcada na memória de Nick.

Expectativa: Boa, estava desejosa de ler algo normal, com pessoas normais e O Grande Gatsby, conhecido como um clássico da literatura americana, correspondeu à expectativa.

Opinião: Durante a primeira parte da leitura achei esta história chata e um pouco frívola. O que faz é introduzir-nos ao tempo, lugar e grupos sociais da época. Como o livro é relativamente pequeno pensei que toda aquela descrição de festas, conversas ocas e relacionamentos superficiais fosse passar rapidamente. E passa mas vejo agora, após ter terminado o livro, que era uma descrição necessária, porque dá o mote para a crítica que Fitzgerald pretende fazer com esta história.
Esta história é sobre, traduzindo a expressão à letra, o velho dinheiro contra o novo dinheiro. Ou então "aqueles que herdam o dinheiro" contra "os que se tornam ricos pelos seus meios".
Gatsby começa por ser um personagem muito misterioso, que dá grandes festas e tem muito dinheiro. Ele representa o novo rico, o "self made man", que soube aproveitar as oportunidades que a vida lhe deu para fazer fortuna. As suas festas são loucas e desordenadas, cheias de excesso e a intenção era, penso eu, o quanto Gatsby não sabia controlar as suas festas, quem nelas entrava, não fazia convites, as pessoas apenas apareciam. As pessoas nem sabiam quem ele era ou se interessavam em saber.
Por outro lado temos Tom e Daisy que representam duas pessoas que nasceram ricas e sempre o foram. "A voz dela está cheia de dinheiro" foi a frase que fez clique na minha cabeça e perceber qual era o tema do livro. Um exemplo muito simples: uma "tia". Quantos de nós não apontamos um tio/tia/beto apenas pela forma como falam? E sabemos muito bem que atrás do sotaque existe um estatuto social especial, cheio de dinheiro herdado ou, mesmo sem dinheiro, cuja educação os fazem demarcar automaticamente do restante povo.  Através de Tom vemos o exemplo de quem tudo tem e tudo pode. Tem o casamento de aparências com Daisy, aquilo que a sociedade a que pertencem aceita e depois tem uma amante, uma mulher sem maneiras ou refinamento, excêntrica de gostos, que também engana o marido, e que só pensa em adquirir luxo.
Daisy, que parece inicialmente uma pobre vítima das circunstâncias acaba também por mostrar o quanto ela pertence a essa elite de dinheiro herdado, corrupta, sem princípios nem honra.
Todos estes intervenientes vão chocar entre si e o resultado é a forma que Fitzgerald encontra para mostrar o quanto o sonho americano é efémero e que não pode ser baseado apenas no dinheiro adquirido. A sociedade não (re)conhecia Gatsby, desconfiava dele até, mesmo que os seus negócios fossem lícitos. Por outro lado nunca é questionado qual a fonte de rendimentos de Tom e Daisy, apesar de viverem na opulência e não fazerem nada, porque toda a gente sabe a sua origem. E para uma novela escrita no início do século passado é, nesta crítica, ainda muito actual. Infelizmente.
A minha grande crítica negativa vai para a edição portuguesa que li. Tenho uma edição barata da Biblioteca Visão, que ganhei através do BookMooch. A tradução era de bradar aos céus de tão má que era e certamente que alguma da beleza da prosa se perdeu, porque pareceu-me apenas fria e simplista. O Grande Gatsby é um livro pequeno, fácil de ler, com um número reduzido de personagens e lugares e por isso muito fácil de acompanhar os acontecimentos. Deixa por isso uma certa "fome" porque ele podia ter feito um pouco mais, ter desenvolvido mais sobre o passado de Gatsby e Daisy, a motivação de Tom, etc... Não é por isso um livro extraordinário mas apenas um livro bom, para mim.

Pontos positivos: A crítica social que nos é apresentada de uma forma subtil e indirecta.

Pontos negativos: A tradução, aiiiii! Ainda sofro quando penso que "passe" foi traduzido por bilhete de comutação.

Estado de espírito: Bom, primeiro livro do ano!

Fez-me refletir sobre: As diferenças sociais que ainda existem e o quanto impedem que pessoas boas, bons profissionais de alcançar lugares de destaque só porque não nasceram em certas famílias.

04.01.12

Considerando o que decidi depois de ter feito o meu Balanço de Leituras de 2011 (basicamente ler e adquirir menos livros), decidi reduzir a minha pilha de livros que já adquiri e que tenho para ler com um desafio muito interessante que a WhiteLady me mostrou:

A ideia é a que já expus (ler livros já adquiridos) e tem vários níveis a atingir. Decidi atingir o nível mais baixo "Pike's Peak" que se traduz em ler 12 livros da pilha.

Quanto ao desafio de leitura do Goodreads deste ano, decidi reduzir o número para 18 livros, dando assim espaço e tempo para ler alguns livros mais gordinhos que eu tenho na estante para ler.

Assim, se ler os 18 livros do Goodreads, 12 destes serão de livros já comprados.

E pronto, estes são os primeiros passos para um ano que espero ser mais calmo e menos dispendioso.

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