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Telma_txr

Mix de leituras, organização, tv, filmes, tecnologia e de mim, claro!

Telma_txr

Mix de leituras, organização, tv, filmes, tecnologia e de mim, claro!

27.10.11

Cartões com uma biografia  das personagens do "The Iron Duke" que ganhei num passatempo.
Nota: Pode ler a Parte 1 aqui.
 

Tchetcha: Já mencionamos várias vezes o "steampunk" aqui na nossa conversa e este foi o livro que me introduziu e me fez apaixonar pelo género (que afinal não é bem um género mas mais uma estética). O que eu mais gostei, neste caso concreto, é que o mundo "The Iron Seas" é muito credível, cheio de detalhes e com uma incrível história alternativa. Ali os objectos "steampunk" não surgem no dia-a-dia por acaso. Até a nanotecnologia, que parece um pouco "demais" para o Séc. XVIII, faz sentido. Que acharam deste universo alternativo e da ligação que tem com o nosso, ou seja, a Invasão Mongol na Europa?

White_Lady: Eu adorei a História Alternativa! Como disse no início, não sabia muito sobre as hordas mongóis, tirando o facto de que, por algum motivo tinham tentado conquistar o Ocidente mas não o conseguiram. Também não tinha bem a noção de como Marco Polo se ligava com tudo isto e de como o próprio Khan havia pedido ao Papa evangelizadores, engenheiros e escolásticos (descobri tudo isto no site da autora :D ). No nosso mundo as coisas desenrolaram-se de forma diferente, mas em "The Iron Seas" os desejos do Khan foram acedidos, mas o que se poderia pensar uma hipótese de Ocidentalização do Extremo Oriente, vem a revelar-se fatal! Os enviados europeus são forçados a desenvolver armas de guerra (já agora, quase toda a inovação, mesmo no nosso mundo, se deve a guerras, o que faz pensar um pouco :/ ) que são usadas alguns séculos depois para conquistar a Europa. E mesmo com diferenças a história é algo paralela.
As inovações demoram cerca de dois séculos a desenvolver-se, o que faz com que a conquista mongol de faça no "nosso" período dos Descobrimentos. Em "The Iron Seas" muitos povos, entre os quais os portugueses (aqui Lusitanos), perante a ameaça viram-se para os oceanos e procuram refúgio nas Américas. O açúcar, que antes era produzido no Oriente (só com os portugueses e espanhóis é que passa a ser cultivado nas Américas), passa a ser visto como algo a evitar já que é ele que infecta com os nanoagentes, transformando homens em zombies e subjugando a sua vontade para terem acesso às riquezas europeias. Mas nem tudo é mau, os nanoagentes fazem um corpo ficar mais resistente e imune a doenças, permitem a reconstituição de membros mesmo que alguns sejam substituídos para potencializar os trabalhadores... Mas o que ainda achei mais interessante, foi a possibilidade de uma nova evolução, humanos e animais que nascem já com esses agentes e que são imunes aos sinais de rádio da Horda e que leva à destruição desta.
Também achei significativo a história passar-se no séc. XIX. Uma vez destruída a torre, os que não tiveram outra escolha senão ficarem infectados e sob o domínio da Horda, passam a ter medo de sentimentos, já que antes eram controlados. Não havia emoções e mesmo contactos físicos, para efeitos de reprodução, eram muitas vezes causados pela Horde. No "nosso" séc. XIX há uma enorme repressão no que a sentimentos diz também respeito, há todo um manual de como se comportar em público e um código moral, mas é também o período em que se começa a debater muitas das questões sexuais e o papel da mulher na sociedade...
Apesar de diferente, é um mundo ainda assim bastante semelhante ao nosso. Adorei-o!

Janita: O "The Iron Duke" não foi o meu primeiro contacto com o "steampunk", mas foi dos poucos livros que conseguem utilizar esta estética de forma convincente. Esta estação temática "steampunk" foi um empurrãozinho para explorar melhor o género, depois de ler algumas obras que se intitulam steampunk ou exageram na tecnologia, aparecendo dirigíveis aqui e ali só porque sim ou então romances vitorianos serem confundidos e anunciados como sendo steampunk. Raras são as obras que conseguem um equilíbrio interessante entre inovação, vapor e história...e dentro do romance ainda mais complicado é encontrar algo minimamente interessante.
O "The Iron Duke" é um bom exemplo da estética "steampunk", e para ser sincera, fiquei bastante surpreendida quando mergulhei no mundo de Rhys e Mina. A ideia dos nanoagentes foi de génio, adorei a forma como a Meljean Brook explorou a história deles, a evolução, o controlo que exerciam sobre os infectados e posteriormente, após a explosão da torre que os controlava, o debate público sobre se deixar infectar ou não (apresentando os prós e os contras da decisão).
Ao contrário da White_lady eu sou mais uma mulher de ciência, por isso os meus olhinhos brilhavam e os meus *squees* eram mais fortes quando via a história da evolução dos nanoagentes, e a infecção que se espalhou pela Europa continental, mas realmente muitos paralelismos podem ser feitos entre o mundo de "The Iron Duke" e o nosso. A fuga por mar pelos Lusitanos, o empreendedorismo deles, no auge da exploração marítima dos nossos Descobrimentos (aquando da suposta invasão mongol do continente europeu), encaixa perfeitamente no contexto histórico do nosso mundo. Apesar dos dirigíveis, dos nanoagentes, dos implantes, do trabalho arrepiante do "Blacksmith", um sentimento ficou comigo da primeira à última página: um sentimento de proximidade aos personagens e ao mundo da Meljean, e sobretudo sentir que tudo aquilo se encaixava tão bem que podia ser realidade (um pouco como quando vi filmes como o Matrix, apesar da surrealidade do mundo por detrás do que considerávamos realidade, facilmente nos ajustámos ao mundo novo por detrás do véu).

Tchetcha:
Já que ambas falaram nos Lusitanos, detalhe que eu também adorei no livro e contos, aqui fica a resposta qua a autora me deu quando lhe perguntei onde estão os Lusitanos no mundo "The Iron Seas", durante o chat em que participámos no Goodreads:
"Well, Portugal itself is overrun with zombies. The Lusitanians, however, control a good portion of the (what we know as) the southeastern U.S., and are among the more prosperous countries in the New World -- and this absolutely had everything to do with Portugal's strong presence in trade and on the sea while the zombies were overrunning Europe. They decided to get the heck out of there, and got their people over to the Americas, and settled before anyone else really did.
Although they weren't as immediately successful as France (which settled in the Caribbean and the areas of Florida/Louisiana -- and their success was why French is the common trade language and their coins are the common currency), they developed a stronger society and economic base, so that when they began to fight with France over territory, they eventually kicked the French off the mainland and took over everything to the Gulf of Mexico.
Not that they are totally awesome. In the Appalachians, slaves (many of them kidnapped from England) are forced to work the coal mines. There were Native American massacres before the native trade confederacies formed.
But they are a strong presence in the Iron Seas, and it definitely won't be long before a Lusitanian character shows up. :-)"
[fonte]
O que eu acho mais extraordinário de tudo é ela ter dado uma resposta tão detalhada, dado que ela ainda só escreveu um livro mas, de certa forma, já tem tudo pensado. Também gostei da pequena "esperança" que nos deixou ao mencionar futuros personagens Lusitanos.

Como último tópico da nossa conversa (e sinto que mesmo assim tanto fica para dizer...) há que mencionar que o "The Iron Duke" é o primeiro livro desta saga mas há dois contos que o precedem no tempo: "Here there be monsters" e o "The Blushing Bounder". Na minha opinião ambos podem ser lidos antes ou depois do "The Iron Duke" porque não o afectam directamente. Dia 1 de Novembro sairá o segundo livro, intitulado "Heart of Steel" e que foca as aventuras do Archimedes Fox e da Lady Corsair. Quais as vossas expectativas / desejos / ansiedades para este próximo livro e para este próximo par, que será o choque de dois aventureiros que não se prendem a nada ou a ninguém?

White_Lady: Realmente é impressionante como a autora parece ter todo o seu mundo na cabeça, com tamanho detalhe. Vê-se que o seu esforço foi mais além do tentar perceber o que aconteceu na "nossa" história e criar uma alternativa. Ela tenta cruzar ambas as histórias tornando o seu mundo tão real quanto possível.
Ainda não li o "The Blushing Bounder" mas gostei muito do "Here There Be Monsters", onde pela primeira vez me cruzei com a Lady Corsair e pensei, "OMD quero um livro com ela!" Sobressaiu a sua independência, o preocupar-se apenas com ela e a sua tripulação, o facto de fazer um trabalho bem feito e ser bem paga por tal. Basicamente era uma mulher com tomates e diga-se não se vê muitas mulheres assim. E depois apareceu o Archimedes, que me distraiu então do Rhys. :D Imagino-o como um Indiana Jones, à procura de artefactos perdidos e a viver aventuras românticas, afinal de contas as suas histórias estão publicadas em livro, não é verdade? Assim que apareceu nas páginas saiu um "OMD eu quero um livro com ele!" :D Vai ser engraçado ver a relação entre os dois, sobretudo depois de ele a ter desafiado e tomado conta do dirigível, fazendo como que um mini-motim que acaba mal para ele. São ambos cabeças duras, com objectivos bem definidos e talvez algo contrários, pelo que a convivência entre ambos deve ser algo, bem, quente e capaz de queimar ambos. Percebe-se que há ali mais qualquer coisa, mesmo no passado de ambos, e mal posso esperar por descobrir porque raio é que não se entendem.

Janita: Eu quando li a resposta de Meljean à pergunta que lhe colocaste fiquei abismada, com o nível de detalhe que ela colocou na história do mundo de "Iron Seas", e com a paixão que ela transmite pelo trabalho dela! Fiz mesmo um *squee* quando ela referiu a forte possibilidade de existir um personagem Lusitano num livro futuro :D De notar também o cuidado da Meljean e da editora em fazer este chat na plataforma Goodreads, dando uma oportunidade aos fãs de falar com ela, de ter algum feedback e de receber alguns "goodies" como esta resposta sobre o Povo Lusitano e do Êxodo que se deu da Europa após a disseminação dos zombies da Horde.
Eu ainda não tive a oportunidade de ler os contos da autora (apesar de os ter em formato ebook, encomendei a antologia "Hot & Steamy: Tales of Steampunk Romance" que tem o conto da Meljean "The Blushing Boulder" e a "Burning Up" que tem o "Here There Be Monsters"), aqui faço um "mea culpa", mas é uma questão de tempo e da velocidade da entrega dos livros! ;)
Bingo, white_lady afinal a minha distracção foi a mesma que a tua! HEHE
OMD só de pensar num livro com esses dois, quase me dá uma coisinha ruim... pelo que vi dos dois no "The Iron Duke" são claramente duas pessoas com um passado muito conturbado a uni-los! O Archimedes é um aventureiro, que viaja para os destinos mais perigosos procurando artefactos, tudo isso por dinheiro e pela fama ( através de livros escritos pela irmã! LOL), sendo esses os únicos princípios dele. Enquanto a Yasmeen, aka Lady Corsair é uma mulher independente, muito à frente no seu tempo e que apesar de toda a pirataria e abordagens, é mulher e protectora tanto do seu dirigível como da sua tripulação, indo aos arames quando alguém ameaça um dos dois...
A aparição do Archimedes e a reacção da Lady Corsair à presença dele no dirigível, a interacção dos dois durante esse curto período de tempo em "The Iron Duke" promete grandes aventuras e emoções neste "Heart of Steel"...se com o Rhys e a Mina já foi uma aventura e pêras, com estes dois quem sabe o que mais veremos do mundo de "Iron Seas"... (*.*)

Tchetcha:
Bem meninas, adorei esta nossa conversa, foi muito bom partilhar com alguém aquilo que eu gostei tanto no livro e ter as vossas perspectivas sobre ele.

White_Lady: Eu adorei a experiência! Temos de fazer coisas como esta mais vezes! *Janita estou a a olhar para ti e para a série da Gail!*

Janita:
Eu amei a ideia, e a experiência de a pôr em prática foi ainda mais awesome! Assim conseguimos apreciar verdadeiramente a vivência que é ler um livro. Toca a fazer isto mais vezes... e sim :D a Gail merece *wink wink*
Notas:
  • Para saber mais sobre Steampunk basta ler o artigo que a White_lady escreveu aqui no blogue.
  • "The Iron Seas" é o nome da saga steampunk de Meljean Brooks.
  • No site da autora podem encontrar um guia do "The Iron Seas".
  • Contos publicados: "Here There Be Monsters" na antologia "Burning Up" e "The Blushing Bounder" na antologia "Wild & Steamy".
  • Esta saga terá 5 livros. O primeiro volume é o "The Iron Duke" e o segundo sairá já dia 1 de Novembro de 2011 com o título "Heart of Steel". Para Janeiro de 2012 está previsto uma reedição do "The Iron Duke" com um conto adicional chamado "Mina Wentworth and the Invisible City". O terceiro livro sairá nos finais de 2012 e já tem o título de "Molten". [fonte]
  • Todos os livros e contos podem ser lidos em separado, apesar de terem personagens que figuram noutros livros e contos da saga.
  • Não há nenhuma informação se estes livros vão ser ou não publicados em português.

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