24.06.12
Resumo: Uma península está dividida entre o reino de Al-Rassan, ocupado pelos Asharitas, e os três reinos Jaditas a norte. Após a morte do último califa a instabilidade instalou-se no reino de Al-Rassan e os reis do Norte, impulsionados pelos clérigos da sua religião, decidem reiniciar a Reconquista do território. No seio desta turbulência política e social estão três pessoas que se vão tornar três amigos improváveis: Rodrigo Belmonte, capitão jadita, Ammar ibn Khairan, poeta asharita e Jehane, médica kindate. Apesar de especial e única eles sabem que a sua amizade tem os dias contados: por causa das suas origens e pelas escolhas que terão de fazer: coração, família ou honra. Ou todos.
Expectativa: Muito alta, foi me recomendado por vários amigos cuja opinião tenho em grande consideração.
Opinião: No Alentejo, onde passei a minha infância, a presença árabe na região é algo ainda visível e palpável. Na escola, a professora não se limitou a ensinar-nos através dos livros o que tinha sido essa presença árabe: levou-nos a conhecer os vestígios ainda existentes, falou-nos da herança da comida e costumes que eles nos deixaram. Eu cresci ouvindo histórias como a lenda da Moura Encantada, tive sempre presente no meu imaginário essa época em que a língua e os costumes eram diferentes, naquele local onde eu vivia. O “Os Leões de Al-Rassan” prometiam, sendo um romance histórico com um pouco de fantasia, preencher de forma perfeita essa lacuna e foi, talvez devido a essa minha expectativa, que este livro ficou muito aquém do esperado. Pontos positivos: A história real em que se baseia: a da Península Ibérica antes da Reconquista. Os personagens apaixonantes. Pontos negativos: Esperava mais fantasia. A constante mudança de pontos de vista, por vezes mais do que uma vez por capítulo. O lento desenrolar da narrativa. Estado de espírito: Boa mas fui ficando impaciente ao longo da leitura. Acabei por intercalar com a leitura de alguns contos para não me desmotivar. Fez-me refletir sobre: É muito difícil explicar porque não vi nada de especial num livro que encantou tantos leitores. Lamento mesmo muito. É fácil justificar que é por ser um livro que decorre numa era medieval e que eu não acho grande piada a essa época mas acho que foi mesmo um caso de expectativas (erradamente) elevadas.
O melhor deste livro é o “bromance” entre Rodrigo Belmonte e Ammar Ibn Khairan, assim como a relação deles os dois com Jehane. Foi pelas personagens fortes e cativantes, principais e secundárias, que mantive a minha leitura. Digo isto porque toda a história se desenrola muito devagarinho para depois nos dar pouco nas partes mais interessantes.
Havia uma constante mudança de perspectiva: agora era a perspectiva do rei Jadita no Norte, depois a perspectiva do rei da tribo no deserto para depois saltar para a perspectiva dos filhos de Belmonte. Tudo isto no mesmo capítulo. Nunca tive tempo para aprecia-los a todos devidamente e fiquei com a ideia que não tive o suficiente dos personagens principais. Tudo ficou interessante a 100 páginas do fim.
Um outro detalhe que me desiludiu foi a pouca fantasia que teve. É mesmo muito pouca. O livro tem poesia, quase nenhuma fantasia. Gostei das opções para símbolos religiosos, a ideia é muito gira e talvez a forma mais simples que na sua base, todas as religiões procuram Deus olhando para o Céu e não para o coração dos homens.