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Telma_txr

Mix de leituras, organização, tv, filmes, tecnologia e de mim, claro!

Telma_txr

Mix de leituras, organização, tv, filmes, tecnologia e de mim, claro!

29.06.15

Faz hoje um ano que vivo sozinha e daqui a um mês terão passado 5 anos desde que comprei a casa. Costumo dizer aos meus amigos que ainda estou a "acampar": tenho o mínimo essencial para viver mas não o suficiente para me sentir em casa.

 

Mínimos

É verdade que não precisamos de muito para viver mas há vários graus de mínimo. O meu mínimo de coisas a comprar foi:

 

Mobília

  • um roupeiro (a casa não tinha);
  • uma cama + colchão;
  • um sofá;
  • um móvel de tv e respectiva.
  • uma mesa de campismo para a cozinha
  • 4 cadeiras
  • uma secretária (a que tinha nos meus pais)

 

Electrodomésticos

  • máquina de lavar roupa
  • frigorífico
  • microondas
  • forno+fogão
  • termoacumulador
  • tostadeira

Foi me oferecida a torradeira e o fervedor. 

 

Utilitários

  • Água
  • Luz
  • Internet + TV + Telefone

 

Roupa de cama e atoalhados

Além da vossa toalha de praia, precisam:

  • 2 jogos de lençóis (eu tenho 2 de Inverno e 2 de Verão)
  • 2 almofadas
  • Um edredon
  • Uma (boa) manta
  • 2 toalhões de banho
  • 4 toalhas de mão
  • Molas de roupa
  • Um alguidar para transportar roupa ou deixar de molho ou lavar à mão.

 

Material de cozinha

Aqui a lista complica-se um bocadinho mais. Tenho que agradecer à minha querida Ana (vejam aqui o blog dela) que na altura se deu ao trabalho de me elaborar uma lista que usei para me guiar nas minhas compras. O mínimo para mim foi:

  • conj. de 6 pratos (sopa, rasos e de sobremesa)
  • conj. de 6 talheres
  • conj. de 6 copos
  • conj. de facas
  • 2 canecas de café (mas tenho 6 no total)
  • panos de cozinha (vão encontrar alguém que vai ficar muito feliz por vos oferecer os panos de cozinha que tem a mais lá por casa)
  • tabuleiros (2 de pyrex e 3 de loiça)
  • conj. de 17 caixas de plástico do Ikea (Pruta) - Comprem poucas caixas porque estas têm a tendência para se reproduzir e multiplicar lá por casa. O vidro é melhor que o plástico mas costumam ser mais caras.
  • 5 caixas para as marmitas da semana.
  • conj. de 3 tigelas para misturar, separar
  • balança
  • escorredor
  • saca-rolhas e tira-cápsulas
  • descascador normal e descascador para juliana
  • tesoura
  • conjunto concha, escumadeira, colher grande, espátula
  • conjunto de colheres de pau
  • pinça
  • vara de arames
  • varinha mágica com batedeira e picadora
  • trem de 5 panelas de vários (espaço casa) + 1 panela grande
  • copo medidor
  • toalha
  • pegas
  • Sacos de congelação
  • Esponjas para a loiça
  • panos de microfibras

Comprei mas raramente ou nunca uso:

  • Chávenas de café
  • mandolina
  • 3 passadores de rede
  • Um grelhador
  • bases para panela

 

Cozinhar

  • Ir ao supermercado, esse horror!
  • Se não têm experiencia na cozinha (ou a mínima, como eu) não tentem fazer coisas muito elaboradas que requeira muitos passos ou ingredientes. Eu costumo procurar receitas que se façam numa panela só e com 5 ingredientes no máximo.
  • Quanto mais requintado for o prato mais provável é que não voltem a usar aquele ingrediente estranho que vos custou os olhos da cara, outra vez. Simples é melhor e mais barato.
  • Comer fora todos os dias não é opção.
  • Ir comer à da mãe todos os dias (por muito que ela diga que faz sempre comida a mais) não é opção.
  • Não comer não é opção.
  • Não fazer um menú semanal e a respectiva lista de compras não é opção.
  • Cozinhar para um é algo que não existe na maioria das receitas, que está feita para 4 pessoas. Uma pessoa come 14 refeições por semana (almoço e jantar). Cinco dessas refeições são marmitas que levo para o trabalho. Então, eu tenho feito assim: planeio 3 pratos de 4 pessoas (que dá 12 refeições), vou 1 dia jantar fora e outro à da minha mãe. Mas, como vou lá jantar 2 vezes por semana e ela me dá para a marmita do dia seguinte (4 refeições), sobra-me 9 refeições o que dá para 2 pratos para 4 pessoas (8 refeições) sobrando 1 para jantar fora e outra para passar fome. O que nunca acontece porque há sempre um prato que se faz a mais ou uma salada ou uma sandes de leitão. Com isto tenho também que contar com uma boca a mais a comer lá ao fim-de-semana. Complicado? Nem imaginam.
  • Se sobrar, congelem.
  • Congelem em poucas doses ou separado por sacos ou marmitas.
  • A comida não dura eternamente no frigorífico, dêm uma volta ao dito pelo menos 1 vez por semana. Eu faço-o quando estou a fazer a lista de compras.
  • Mantenham-se fiéis à lista de compras.
  • De repente o sistema de entrega de compras em casa parece muito tentador.

 

Arrumar e decorar

  • Zero, nicles, batatoides. Não esperem ter dinheiro no primeiro ano para conseguirem decorar. Com sorte (ou azar) terão que mudar divisões de sítio porque as vossas ideias iniciais terão de ser todas alteradas.
  • Não comprem nada que não sabem onde vão pôr.
  • Ainda tenho os meus livros dentro de caixas porque não tenho estantes e recuso-me a comprar cortinados sem estantes primeiro. É uma questão de prioridades.
  • Caixas é apenas mais uma desculpa para guardar coisas desnecessárias. Aprendi isto com o livro "Arrume a sua casa, arrume a sua vida" da Marie Kondo e wow, mudou totalmente a minha perspectiva sobre o assunto.
  • Ikea é bom mas nem tudo o que é Ikea é bom. Procurem nas lojas Viva, Espaço Casa, Lojas Casa, Gato Preto, Continente Kasa, De Borla e até no chinês da vossa zona para alternativas bonitas e baratas.
  • É terrível a perspectiva de furar uma parede.
  • Os homens não deveriam opinar sobre mobília como as mulheres não opinam sobre carros. (OMG que cliché tão machista que acabei de escrever, que vergonha!).
  • Dividam tarefas com alguém. Há sempre alguém disposto a ajudar mas nunca quando precisamos dele.
  • É maravilhoso ouvir os amigos dizer que a casa tá giríssima quando não temos um único quadro na parede.

 

Viver sozinha

  • Ao início, nos primeiros 3 meses, demorei a habituar-me aos ruídos da casa e do prédio. Acordava com a porta do prédio a bater, com a caixa multibanco a berrar "retire o seu dinheiro", com a carrinha que ficava a trabalhar às 6h da manhã em frente ao café, com o AC do café, com o meu frigorífico a trabalhar, com os vizinhos de baixo a comentar o Ídolos. Sonhei algumas vezes com intrusos.
  • É maravilhoso chegar a casa às tantas da noite e não ter ninguém a quem dar satisfações.
  • Supostamente há a vantagem de decidir tudo sozinha (uma seca quando não se sabe que sanita comprar) que é falsa porque toda a gente opina e possivelmente baralha-nos ainda mais as ideias.
  • Não se vive realmente sozinha quando se namora. Foi uma questão de tempo até ele passar lá os fins-de-semana e os amigos acharem que ele já vive lá definitivamente (não, ainda não!). O que me obrigou a repensar nas minhas maratonas de leituras e a ver séries de tv (tenho 20 episódios de Arrow atrasados e fizémos binge watching de Fringe em mês e meio) assim como em comida que agrade a dois, em vez de a 1 só (adeus rúcula, favas e iscas, terei saudades vossas!).
  • Estranhamente passo muito menos tempo ao computador em casa. E quando o faço, estou em busca de receitas.
  • Terão de enfrentar uma reunião de condomínio sem familiares ou amigos para vos apoiar. E provavelmente serão imediatamente nomeados gestores de condomínio.
  • Esqueçam a forma como planeavam a vossa vida antes, tudo muda. Os planos do fim-de-semana mudam a meio da semana, outras pessoas vão querer decidir como é que vão passar os vossos dias de descanso e no meio disso tudo vão ter de encaixar idas ao supermercado, limpezas de casa  e roupa e dormir. Sim, dormir.
  • Deixar coisas desarrumadas não é crime. Deixar tudo sempre constantemente desarrumado deveria ser considerado crime.
  • Mudar de bairro é fixe: novas mercearias, novos cafés e nova dinâmica de vida.

E pronto. Acho que se me esforçasse mais um pouco me lembraria de muitas mais coisas para dizer. Há inúmeros guias para como organizar casamentos, dicas sobre vida a dois mas muito pouco sobre ser solteira e viver sozinha. Ninguém nasce ensinado e por muito bem que os nossos pais nos tenham educado há sempre dificuldades a ultrapassar. Algumas externas, como o limite orçamental, outras internas, como os receios de não conseguirmos fazê-lo sozinhas.

A maior lição de todas que aprendi este ano é que a solidão é apenas um estado de espírito. Há sempre alguém disposto a ajudar: seja a montar um móvel ou a instalar um candeeiro. De várias formas, reais e virtuais, recebi muito apoio e carinho e por isso sinto-me uma pessoa abençoada e de coração cheio.

12.06.15

Estava na universidade e tinha ido de fim-de-semana a casa. Quando regressei a minha colega disse-me muito divertida: "Opá estavamos com os copos e começamos a ler os teus livros da Harlequin. Aquilo é tão ridículo, a sério! Como é que gostas de ler aquilo?" Escusado será dizer que senti-me mal e fiquei sem resposta para lhe dar. Mais, ela até me repetiu, fazendo vozinhas e tudo, o excerto que tanto lhe gozo lhe tinha dado ler.

Há coisas que simplesmente não têm lógica e por isso impossíveis de explicar. Porque é que há tanta gente a gostar de Tony Carreira? Porque é que filmes como o Fast and the Furious têm tanto sucesso? Porque é que as calças de licra estampadas continuam no guarda-roupa das pessoas? Porque é que eu não consigo gostar de chocolate?

Por isso, não tento explicar. Gosto e pronto e que se lixe o resto. Já passei a idade de ter vergonha e de me sentir afectada. Só que artigos como o da "The Mary Sue" afectam sempre, não só leitores de romance como também os seus autores. E foi através de uma autora que sigo no Twitter que dei conta da polémica.

Vou ser sincera: nem li bem o texto e nem percebi bem o que se passava. Acho que tudo se resume a um ramalhete de clichés escrito por alguém que não gosta do género e que, tal como a minha colega, tentou perceber "o porquê" da popularidade do mesmo. Falhou redondamente, pois claro. E isso percebe-se no artigo de resposta no "Book Riot": "Artigos de opinião sobre Romances Românticos para Tótós". O pior de tudo é que o "The Mary Sue" demarca-se por ser um guia para miúdas geek. Geek é fixe, romances não. Opá, és geek mas não podes gostar de romance românticos, topas?! Só faltou dizer: tens que ser mais como os rapazes e gostar de cenas de rapazes porque isso é mau porque é romântico. E só mulheres burras é que gostam de romance, topas?

Bolas, até eu gozo com os clichés dos Romances Românticos. Sim, há capas ridículas e cenas disparatadas, diálogos idiotas e tuditudituditudo. Mas se formos por aí, toda a literatura é, dependendo de quem lê, ridícula. Leiam Fernando Pessoa com voz de Pato Donald, ou uma cena de sexo do Memorial do Convento com a vossa melhor voz porno e vejam se não choram a rir.

Só não reduzam todo um género multifacetado que abrange da fantasia, FC, romance histórico, LGBT, desafiador de regras sociais, que aborda temas polémicos que afecta a vida de muitos casais, hetero ou homosexuais, colocando os leitores (que não são apenas mulheres) a reflectir sobre as suas próprias vidas, traumas, desejos e ansiedades.

Já tive livros de auto-ajuda (que, já agora, era o que essa minha amiga adorava ler e recomendava porque era "inteligente" na altura ler-se auto-ajuda) que doei mas nenhum romance romântico de que me queira livrar, porque deles tirei mais ensinamentos sobre compreensão do outro, de mim mesma, das minhas ansiedades e medos que qualquer outro livro. E mesmo que não os releia, ou recomende, ou sequer me lembre dos seus títulos, são mais satisfatórios e servem melhor o seu propósito do que muitos livros "inteligentes" que andam por aí: confortam-me.

Por último, parem de desdenhar do romance romântico apenas porque é preferido pelo sexo feminino. Principalmente as mulheres que querem ser algo mais para pertencer ao clube dos rapazes. É ridículo usarem esse argumento, desdenharem do género a que pertencem e fica-vos mal. Há formas mais inteligentes de te mostrares inteligentes, topas?

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