17.01.12
Resumo: Vive-se o tempo após Primeira Grande Guerra Mundial e Nick decide rumar a leste à procura de uma nova vida e mais excitação. Nesse verão reata a sua amizade com uma prima afastada, Daisy e o seu marido Tom e trava conhecimento com o seu vizinho Gatsby. Este é conhecido por dar todas as semanas umas festas extravagantes, inundadas de pessoas conhecidas e desconhecidas. Rapidamente Nick torna-se o veículo de reaproximação de Gatsby e Daisy, que tinham estado apaixonados no passado, mas esta relação tem tudo menos de idílico e a tragédia acaba por acontecer, ficando a história para sempre marcada na memória de Nick.
Expectativa: Boa, estava desejosa de ler algo normal, com pessoas normais e O Grande Gatsby, conhecido como um clássico da literatura americana, correspondeu à expectativa.
Opinião: Durante a primeira parte da leitura achei esta história chata e um pouco frívola. O que faz é introduzir-nos ao tempo, lugar e grupos sociais da época. Como o livro é relativamente pequeno pensei que toda aquela descrição de festas, conversas ocas e relacionamentos superficiais fosse passar rapidamente. E passa mas vejo agora, após ter terminado o livro, que era uma descrição necessária, porque dá o mote para a crítica que Fitzgerald pretende fazer com esta história.
Esta história é sobre, traduzindo a expressão à letra, o velho dinheiro contra o novo dinheiro. Ou então "aqueles que herdam o dinheiro" contra "os que se tornam ricos pelos seus meios".
Gatsby começa por ser um personagem muito misterioso, que dá grandes festas e tem muito dinheiro. Ele representa o novo rico, o "self made man", que soube aproveitar as oportunidades que a vida lhe deu para fazer fortuna. As suas festas são loucas e desordenadas, cheias de excesso e a intenção era, penso eu, o quanto Gatsby não sabia controlar as suas festas, quem nelas entrava, não fazia convites, as pessoas apenas apareciam. As pessoas nem sabiam quem ele era ou se interessavam em saber.
Expectativa: Boa, estava desejosa de ler algo normal, com pessoas normais e O Grande Gatsby, conhecido como um clássico da literatura americana, correspondeu à expectativa.
Opinião: Durante a primeira parte da leitura achei esta história chata e um pouco frívola. O que faz é introduzir-nos ao tempo, lugar e grupos sociais da época. Como o livro é relativamente pequeno pensei que toda aquela descrição de festas, conversas ocas e relacionamentos superficiais fosse passar rapidamente. E passa mas vejo agora, após ter terminado o livro, que era uma descrição necessária, porque dá o mote para a crítica que Fitzgerald pretende fazer com esta história.
Esta história é sobre, traduzindo a expressão à letra, o velho dinheiro contra o novo dinheiro. Ou então "aqueles que herdam o dinheiro" contra "os que se tornam ricos pelos seus meios".
Gatsby começa por ser um personagem muito misterioso, que dá grandes festas e tem muito dinheiro. Ele representa o novo rico, o "self made man", que soube aproveitar as oportunidades que a vida lhe deu para fazer fortuna. As suas festas são loucas e desordenadas, cheias de excesso e a intenção era, penso eu, o quanto Gatsby não sabia controlar as suas festas, quem nelas entrava, não fazia convites, as pessoas apenas apareciam. As pessoas nem sabiam quem ele era ou se interessavam em saber.
Por outro lado temos Tom e Daisy que representam duas pessoas que nasceram ricas e sempre o foram. "A voz dela está cheia de dinheiro" foi a frase que fez clique na minha cabeça e perceber qual era o tema do livro. Um exemplo muito simples: uma "tia". Quantos de nós não apontamos um tio/tia/beto apenas pela forma como falam? E sabemos muito bem que atrás do sotaque existe um estatuto social especial, cheio de dinheiro herdado ou, mesmo sem dinheiro, cuja educação os fazem demarcar automaticamente do restante povo. Através de Tom vemos o exemplo de quem tudo tem e tudo pode. Tem o casamento de aparências com Daisy, aquilo que a sociedade a que pertencem aceita e depois tem uma amante, uma mulher sem maneiras ou refinamento, excêntrica de gostos, que também engana o marido, e que só pensa em adquirir luxo.
Daisy, que parece inicialmente uma pobre vítima das circunstâncias acaba também por mostrar o quanto ela pertence a essa elite de dinheiro herdado, corrupta, sem princípios nem honra.
Todos estes intervenientes vão chocar entre si e o resultado é a forma que Fitzgerald encontra para mostrar o quanto o sonho americano é efémero e que não pode ser baseado apenas no dinheiro adquirido. A sociedade não (re)conhecia Gatsby, desconfiava dele até, mesmo que os seus negócios fossem lícitos. Por outro lado nunca é questionado qual a fonte de rendimentos de Tom e Daisy, apesar de viverem na opulência e não fazerem nada, porque toda a gente sabe a sua origem. E para uma novela escrita no início do século passado é, nesta crítica, ainda muito actual. Infelizmente.
A minha grande crítica negativa vai para a edição portuguesa que li. Tenho uma edição barata da Biblioteca Visão, que ganhei através do BookMooch. A tradução era de bradar aos céus de tão má que era e certamente que alguma da beleza da prosa se perdeu, porque pareceu-me apenas fria e simplista. O Grande Gatsby é um livro pequeno, fácil de ler, com um número reduzido de personagens e lugares e por isso muito fácil de acompanhar os acontecimentos. Deixa por isso uma certa "fome" porque ele podia ter feito um pouco mais, ter desenvolvido mais sobre o passado de Gatsby e Daisy, a motivação de Tom, etc... Não é por isso um livro extraordinário mas apenas um livro bom, para mim.
Pontos positivos: A crítica social que nos é apresentada de uma forma subtil e indirecta.
Pontos negativos: A tradução, aiiiii! Ainda sofro quando penso que "passe" foi traduzido por bilhete de comutação.
Estado de espírito: Bom, primeiro livro do ano!
Fez-me refletir sobre: As diferenças sociais que ainda existem e o quanto impedem que pessoas boas, bons profissionais de alcançar lugares de destaque só porque não nasceram em certas famílias.
Pontos negativos: A tradução, aiiiii! Ainda sofro quando penso que "passe" foi traduzido por bilhete de comutação.
Estado de espírito: Bom, primeiro livro do ano!
Fez-me refletir sobre: As diferenças sociais que ainda existem e o quanto impedem que pessoas boas, bons profissionais de alcançar lugares de destaque só porque não nasceram em certas famílias.