25.07.08
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25.07.08
24.07.08
Viagem à roda do meu nome (Alice Vieira) foi o primeiro livro que comprei e li, ou seja, o meu primeiro livro a sério. Sendo ainda hoje uma das minhas histórias favoritas, conta a angústia de um rapaz por se chamar Abílio. Além de detestar o nome, ninguém na família lhe explica a razão para a escolha do seu nome, começando assim a sua viagem à descoberta da escolha do seu nome.
Acho que tinha 5 anos quando comecei a minha própria viagem: "Mãe, porque é que me puseste este nome? Porque a senhora da Conservatória não me deixou pôr Gabi Manuela." Agradeço até hoje a bendita lei que há em Portugal que não permite pôr nomes esquisitos aos filhos.
Mesmo assim, durante muitos anos senti-me diferente com o meu nome permitido por lei. Fui a primeira rapariga com este nome em Ferreira do Alentejo. Não havia princesas conhecidas com o meu nome, e mais tarde, quando descobri as suas origens, horror, era um nome que fora inventado no Sec. XIX para um livro. Eu tinha um nome diferente e moderno! Porque não podia ser Ana como todas as outras?
E só na minha adolescência é que conheci outra homónima. Espante-se: não tinha nada a ver comigo. Aos poucos, com o passar dos anos as homónimas foram surgindo: uma personagem num filme, uma miss Portugal...
Quando comecei a trabalhar tive duas situações caricatas: numa, eu e a minha homónima ficámos excitadíssimas por nos termos encontrado ao telefone "Que coincidência!", e outra em que a secretária de um Presidente de Câmara, já no final do telefonema, pergunta-me o nome e após a minha resposta, perde todo o protocolo e muito espontaneamente diz: "Mas que nome tão bonito!" ao que muito educadamente respondi: "Agradeço pela minha mãe!".
É por isso engraçado que, mesmo ao fim de tantos anos, ainda sinta estranheza, como hoje senti ao abrir os jornais gratuitos e ver o meu primeiro nome repetidamente. Estranheza mas feliz e esperançosa, porque há a possibilidade de a minha homónina, Telma Monteiro, trazer com ela uma medalha de ouro de Pequim. Por isso é com muita alegria e orgulho que digo: "Força Telma!"
Podem ainda não haver princesas com o nome Telma, mas há mulheres vencedoras, como a Telma Monteiro, mulheres bonitas, como a Telma Santos, mulheres inesquecíveis, como a Thelma do filme e mulheres únicas, como eu.
P.S. - A escolha do título é dedicado à Alice Vieira, por ter escrito um dos meus livros favoritos, que não levei para autografar, no dia em que a conheci.
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