Antes de falar do livro, tenho que falar do autor. Mia Couto foi o escritor que chegou até mim tropeçando em enganos. Eu, não ele é claro. Primeiro pensava que era mulher por causa do nome. Não, não é mulher... Depois, como o primeiro contacto foi com os Contos, achei-o estranhíssimo. Africano... Fiz logo o retrato completo: negro, gordo, traje tradicional... Qual não foi o meu choque passados alguns meses quando vi uma foto dele: "Ele é branco!". "Sim, não sabia?", "Não fazia ideia..." Bem, mas um branco que fala com sotaque... nasceu lá, aprendeu a língua de lá, é natural! Enganei-me uma vez mais. Vi uma reportagem sobre a Feira do Livro e lá estava, Mia Couto a ser entrevistado e a responder num português para mim muito perceptível. Sem sotaque. Senti-me enganada. Afinal de contas, era difícil perceber as suas histórias, os finais inconclusivos, ter que lê-las com sotaque para o próprio não ser nada daquilo que escreve. As aparências iludem... O que não é por fora pode ser por dentro... e Pensatempos desmistificou para mim muitas destas minhas ideias. Estes textos de opinião são óptimos para:
quem (como eu) não gostou dos seus livros;
para quem quer conhecer um pouco do autor e as suas ideias;
para quem (como eu) desconhece África, Moçambique, línguas e culturas africanas.
Colocou-me a mim, europeia, em perspectiva, fez-me olhar para mim e a minha forma de olhar o resto do mundo.
Hum... como definir este livro? Primeiro tenho que explicar o meu estado de espírito. Com este, é o terceiro livro que leio que se passa em Itália. Ou seja, lugares italianos, nomes italianos... (será um sinal?). Agridoce. Eis o adjectivo. A nível de escrita está longe de ser extraordinário (será da tradução?). A história é boa, mas também é má. A ideia, a construção do livro é boa (cada capítulo começa com uma receita de culinária), mas essa ideia já não é original. Não é terno e carinhoso, mas não foi mau o suficiente para dizer que não gostei, porque até gostei. Não sei... indefinido... qualquer coisa.... Sveva Casati Modignani
Este foi o segundo livro que li desta autora. Apesar de o nível de escrita dela estar longe de ser brilhante, as histórias são muito criativas onde as personagens têm características quase bizarras. E são também muito italianas. Néctar não foi excepção. Retrata a vida de Ramona, a criada albina que enlouquece todos os homens da região com o seu cheiro muito apelativo. É muito engraçado e uma boa leitura leve de quem não procura mais do que entertenimento. Lily Prior
Terminei hoje a leitura de Imprimatur - O segredo do Papa. Não me lembro de demorar tanto tempo a ler um livro. Encontro várias razões para isto ter acontecido. Primeiro porque não tinha ideia do que tratava o livro. É história, história, história... é muito manual escolar de história e pouca narrativa. Fiquei muito desiludida. Segundo, porque a intriga parece nunca avançar. Cómico é que, quando estava prestes a desistir, li a seguinte passagem:
A minha escrupulosa educadora não se enganava; é melhor não ler um livro que ler apenas uma parte, conservando a seu respeito parcial memória ou erróneo juízo. Talvez as páginas seguintes me ajudassem a redimensionar, pensava eu, o alcance dos poderes obscuros que até então tinha atribuído ao misterioso livrinho.
E prossegui. A verdade é que o livro só ficou mesmo bom nas últimas 20 páginas...
3 aspectos positivos:
O verdadeiro motor por detrás da intriga levanta suspeitas sobre a veracidade dos nossos livros de história;
É óptimo para quem gosta de romances históricos;
Algumas personagens que, por serem cómicas, acabam por serem as únicas interessantes.
3 aspectos negativos:
Longo e maçudo;
Descrições políticas demasiado longas que mais parecem indicar o desejo que os autores tinham em trasmitir a quantidade de conhecimentos que possui;