25.08.05
Antes de falar do livro, tenho que falar do autor. Mia Couto foi o escritor que chegou até mim tropeçando em enganos. Eu, não ele é claro.
Primeiro pensava que era mulher por causa do nome. Não, não é mulher... Depois, como o primeiro contacto foi com os Contos, achei-o estranhíssimo. Africano... Fiz logo o retrato completo: negro, gordo, traje tradicional...
Qual não foi o meu choque passados alguns meses quando vi uma foto dele: "Ele é branco!". "Sim, não sabia?", "Não fazia ideia..." Bem, mas um branco que fala com sotaque... nasceu lá, aprendeu a língua de lá, é natural! Enganei-me uma vez mais. Vi uma reportagem sobre a Feira do Livro e lá estava, Mia Couto a ser entrevistado e a responder num português para mim muito perceptível. Sem sotaque.
Senti-me enganada. Afinal de contas, era difícil perceber as suas histórias, os finais inconclusivos, ter que lê-las com sotaque para o próprio não ser nada daquilo que escreve.
As aparências iludem... O que não é por fora pode ser por dentro... e Pensatempos desmistificou para mim muitas destas minhas ideias.
Estes textos de opinião são óptimos para:
- quem (como eu) não gostou dos seus livros;
- para quem quer conhecer um pouco do autor e as suas ideias;
- para quem (como eu) desconhece África, Moçambique, línguas e culturas africanas.